São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A GUERRILHA
Organizações viram "indústria lucrativa"

do enviado especial a Bogotá

Se os narcotraficantes são uma potência econômica, a guerrilha colombiana também o é, a julgar pelos dados de documento preparado pelo Departamento Nacional de Planejamento: a renda da guerrilha, entre 1991 e 1996, seria de US$ 3,6 bilhões, equivalentes a 5,3% do PIB.
Dinheiro que vem da proteção ao narcotráfico (45%), de roubos e extorsões (27%), de sequestros (22%) e 7,2% de outras fontes, inclusive investimentos.
É esse vínculo com a criminalidade, que os guerrilheiros negam uma e outra vez, que faz com que a luta armada seja encarada de maneira diferente conforme a ótica de cada interlocutor.
Há críticos fortes, como o ex-guerrilheiro (do ELN) Hernando Corral: "Até no exterior, os que viam com simpatia a guerrilha pensam hoje que os fins políticos dos rebelados foram superados há muito tempo pelos meios violentos: assaltos, sequestros, assassinatos e aproveitamento econômico dos cultivos ilícitos".
Mas há, igualmente, quem estabeleça uma diferença entre aproveitar-se do crime e ser um bando de delinquentes. Caso do sociólogo Alfredo Rangel, para quem "as Farc são um movimento político em armas, não um grupo de delinquentes comuns".
Completa Rangel: "A obtenção de recursos econômicos não é seu objetivo final. Arrecadam muitos recursos de atividades criminosas, mas seus fins são políticos. Os recursos arrecadados servem para fortalecer seu aparato militar e suas bases políticas".
Esta segunda visão ganha adeptos até nos Estados Unidos, a julgar pelo que diz o ex-sub-secretário de Estado dos EUA Bernard Aronson:
"Se sua agenda contém reformas sociais, alternativas econômicas ao tráfico de drogas e a abertura do processo político, para sua participação na vida democrática, os Estados Unidos os apoiarão." (CR)

Texto Anterior: Negócio movimenta US$ 300 bi por ano
Próximo Texto: Aposta do presidente se mostra arriscada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.