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EFEITO "DESNARCOTIZAÇÃO"
Economia colombiana enfrenta a sua maior recessão desde 1906
do enviado especial a Bogotá
A economia colombiana começa, lentamente, a se "desnarcotizar". Significa o seguinte: com o
desmantelamento dos cartéis de
Cali e Medellín, uma parte do comércio da droga (que é o filé mignon do ""narconegócio") passou
para as mãos de outras máfias, em
especial a mexicana.
Consequência: parte dos US$ 2
bilhões a US$ 4 bilhões que as máfias injetavam na economia
anualmente, na última década,
desapareceu (ou, mais exatamente, está sendo gasta no México).
O que parece uma boa notícia
tem, no entanto, conseqüências
funestas: em alguma medida, a recessão econômica deste ano se explica pela ""desnarcotização" da
economia.
E é uma recessão inédita na história das estatísticas colombianas,
que começaram a ser coletadas
em 1906. Em 1931, no auge da crise mundial da época, o PIB colombiano (o que o país produz de
bens e serviços, o Produto Interno
Bruto) encolheu 1,6%. Este ano, a
previsão do governo, no acordo
que está fechando com o FMI
(Fundo Monetário Internacional), é de uma contração de 2%.
Era inevitável nesse cenário que
aumentasse brutalmente o número de pobres. Só nos últimos 12
meses, o país passou a ter 1,8 milhão de novos pobres, conforme
investigação de Fábio Sánchez para o Cede (Centro de Estudos para
o Desenvolvimento Econômico).
Com isso, a pobreza afetava, em
junho, 18,4 milhões de colombianos ou 44,2% dos 41,6 milhões de
habitantes.
Um segundo fator a contribuir
para a crise econômica é o brutal
custo da guerra interna. Foram
US$ 3,4 bilhões ou 9% do PIB, entre 1991 e 1996, conforme recente
estudo divulgado pelo Departamento Nacional de Planejamento
do governo.
A paz seria, portanto, um importante ativo econômico. Ainda
mais se o governo e as Farc conseguirem de fato chegar a um acordo sobre uma agenda de negociações vastíssima. São 48 itens que
vão da reforma agrária à política
petrolífera, passando pela dívida
externa, outro pesadelo.
Uma reforma econômica que
privilegiasse o gasto social e o tornasse mais eficaz ajudaria a diminuir a pobreza e o desemprego
(19,8% em junho, outro recorde
histórico).
Mesmo sem reforma econômica, a pacificação do país produziria resultados econômicos benéficos: exato US$ 1,1 bilhão por ano
(1,1% do PIB), conforme o citado
estudo do Departamento Nacional de Planejamento.
Já a continuação da guerra e a
recessão teriam o óbvio efeito inverso.
"Na medida em que continuar
aumentando o nervosismo, as
pessoas vão começar a retirar dinheiro do país", imagina Erika
Montañez, analista da firma de
investimentos Corretores Associados.
(CR)
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