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ELEIÇÃO NOS EUA
Chefe da campanha do presidente diz que democrata "ganhou terreno", mas afirma que vantagem é "temporária"
Kerry venceu debates, admite QG de Bush
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A TEMPE (ARIZONA)
O chefe da campanha do presidente George W. Bush, Marc Racicot, admitiu ontem que o adversário democrata, John Kerry "ganhou terreno" com seu desempenho na série de três debates presidenciais americanos, encerrada
anteontem. "Acho que ele [Kerry]
tem alguns pontos de estilo. Temos de reconhecer, honestamente, que ele é loquaz, habilidoso e
eloqüente", disse Racicot.
"Mas creio que isso seja temporário", acrescentou Racicot. Ele
qualificou a performance de Bush
durante o debate final desta campanha, realizado no Arizona, como "extremamente boa".
No primeiro debate, vários republicanos também haviam considerado Kerry vitorioso, mas
sempre de forma velada.
Rápidos na tentativa de capitalizar o desempenho de Kerry anteontem, os democratas divulgaram dois novos vídeos criticando
o presidente Bush. Em um deles,
Bush aparece rindo quando confrontado no debate com o fato de
milhões de americanos não terem
seguro-saúde. "Foi uma noite
muito ruim para o presidente",
afirmou a chefe da campanha de
Kerry, Mary Beth Cahill.
Logo depois do primeiro confronto, realizado na Flórida,
Kerry se recuperou de uma situação de desvantagem em relação a
Bush nas pesquisas eleitorais.
Desde então, ambos permanecem empatados na preferência
dos eleitores -levantamento da
ABC divulgado ontem mostra os
dois com 48%; antes do início da
série de debates, Bush estava com
51%, contra 45% de Kerry.
Pesquisa "USA Today"/CNN/
Gallup divulgada logo depois do
confronto de anteontem deu a
Kerry vitória sobre Bush no debate, por 52% a 39%, segundo a preferência de 511 eleitores.
A diferença é praticamente a
mesma da obtida pelo democrata
no primeiro debate entre os dois.
No segundo confronto, no Missouri, ambos foram avaliados de
maneira semelhante.
Segundo essa última pesquisa,
Kerry se saiu melhor em assuntos
relacionados à economia (51% a
46%), que dominaram boa parte
do debate, e saúde (55% a 41%).
Bush foi um pouco melhor no
item impostos (50% a 47%), e
houve um virtual empate entre os
dois em assuntos de educação.
Embora o democrata tenha sido
considerado vitorioso, analistas
ponderam que menos de 10% do
eleitorado continua indeciso e
que dificilmente os partidários de
Bush ou Kerry mudarão seu voto
por causa do debate.
O evento de anteontem ressaltou as diferenças profundas de aspecto moral entre Bush e Kerry
que vêm dividindo ao meio o eleitorado em 2004, especialmente
em questões como aborto e casamento entre homossexuais, abordadas no debate.
Horas depois do último confronto frente a frente de anteontem, Bush e Kerry partiram em
uma corrida de viagens para percorrer os Estados considerados
chave nesta eleição.
Nos 19 dias finais da campanha,
os dois adversários devem "trombar" em vários Estados, como Nevada, Iowa e Wisconsin, onde estarão nos próximos dias.
Ontem, por exemplo, ambos estiveram em Las Vegas (Nevada)
para eventos de campanha.
Confrontado com a pesquisa
que mostrou a vitória de seu adversário no debate, Bush afirmou
que "a decisão será dos eleitores".
"Eles vão decidir, em 2 de novembro, quem querem como presidente. Estou entusiasmado."
Nos dias que restam até a votação, quase a totalidade da bateria
final de anúncios de campanha de
ambos candidatos deverá ficar
concentrada em uma dúzia de Estados, onde vivem os cerca de 10%
dos eleitores ainda indecisos.
Para Kerry, o debate de anteontem foi a última oportunidade de
aparecer nacionalmente na TV,
daí a importância do reforço que
o Partido Democrata vem adotando nos anúncios de televisão e
na agenda de viagens.
Bush tem estratégia semelhante,
mas a expectativa agora é que ele
abuse da sua condição de presidente para aparecer e se manter à
tona na mídia nacional.
Mau desempenho
O que mais preocupa a campanha republicana hoje é o fato de o
desempenho de Bush como presidente ter um índice de avaliação
geral abaixo de 50%.
Com Kerry sendo considerado
"mais confiável" do que Bush em
assuntos domésticos, a campanha
do presidente também tentará
continuar martelando a sua "liderança" na guerra ao terror.
O democrata deve ir no caminho oposto, ressaltando os problemas econômicos e sociais nos
quase quatro anos de mandato de
Bush, principalmente em relação
ao aumento do desemprego.
Os republicanos também temem uma surpresa de última hora no campo democrata, onde milhares de voluntários correram
contra o relógio para registrar os
novos eleitores que podem fazer a
diferença no próximo dia 2.
Apoio a Kerry fora dos EUA
Pesquisas em dez países, divulgadas ontem, reiteram o quadro
de que Kerry tem grande apoio
fora dos EUA.
Os levantamentos, que mostraram piora na reputação americana, indicam que, em oito países
(Canadá, França, Reino Unido,
Espanha, Japão, Coréia do Sul,
Austrália e México), os entrevistados disseram torcer pelo democrata. Bush é o preferido na Rússia e em Israel.
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