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COMENTÁRIO
História recente expõe relevância de debates na TV
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Nada garante que os debates entre George W. Bush e
John Kerry venham a ser o
ponto de inflexão da disputa. Na história recente dos
EUA, contudo, os embates
na TV foram decisivos em
ao menos duas contendas.
Em 1976, o democrata
Jimmy Carter estava atrás
nas pesquisas. Num dos debates, o então presidente,
Gerald Ford (republicano),
cometeu um gafe que, para
analistas, abriu caminho para a virada democrata.
Em plena Guerra Fria,
Ford afirmou: "Não há nenhuma dominação soviética
sobre a Europa oriental e jamais haverá num governo
Ford". Carter disse, então,
que gostaria de vê-lo convencer americanos de origem polonesa, tcheca e húngara de que seus países não
viviam sob jugo soviético.
Quatro anos mais tarde,
foi a vez do republicano e ex-ator Ronald Reagan mostrar
seu talento para a comunicação diante de mais de 80 milhões de telespectadores.
No meio do acalorado debate, Carter deu início a uma
série de acusações a Reagan.
Com poucas palavras ("Aí
você começa de novo..."), o
republicano, com seu estilo
de vaqueiro texano, conseguiu descreditar as críticas.
No final, Reagan resumiu
seus argumentos numa pergunta que se tornou célebre:
"Você está hoje numa situação melhor do que há quatro
anos?". Para analistas, sua
atuação foi decisiva para assegurar a vitória na disputa.
Os debates deram alento à
campanha de Kerry, já que
Bush vinha bem nas pesquisas. Agora, por que o democrata conseguiu equilibrar a
contenda após seu face-a-face televisivo com Bush?
Bem, o senador teve a
oportunidade de "apresentar-se" a boa parte do eleitorado e o fez de modo lúcido e
moderado, ainda que, às vezes, bastante incisivo.
Ora, quem pensava em votar contra Bush, mas não
confiava em Kerry por crer
que se tratasse de alguém
que muda demais de idéia,
como diz Bush, percebeu estar ante um homem ponderado, o que, obviamente,
não pode lhe fazer mal.
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