São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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COMENTÁRIO

História recente expõe relevância de debates na TV

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Nada garante que os debates entre George W. Bush e John Kerry venham a ser o ponto de inflexão da disputa. Na história recente dos EUA, contudo, os embates na TV foram decisivos em ao menos duas contendas.
Em 1976, o democrata Jimmy Carter estava atrás nas pesquisas. Num dos debates, o então presidente, Gerald Ford (republicano), cometeu um gafe que, para analistas, abriu caminho para a virada democrata.
Em plena Guerra Fria, Ford afirmou: "Não há nenhuma dominação soviética sobre a Europa oriental e jamais haverá num governo Ford". Carter disse, então, que gostaria de vê-lo convencer americanos de origem polonesa, tcheca e húngara de que seus países não viviam sob jugo soviético.
Quatro anos mais tarde, foi a vez do republicano e ex-ator Ronald Reagan mostrar seu talento para a comunicação diante de mais de 80 milhões de telespectadores.
No meio do acalorado debate, Carter deu início a uma série de acusações a Reagan. Com poucas palavras ("Aí você começa de novo..."), o republicano, com seu estilo de vaqueiro texano, conseguiu descreditar as críticas.
No final, Reagan resumiu seus argumentos numa pergunta que se tornou célebre: "Você está hoje numa situação melhor do que há quatro anos?". Para analistas, sua atuação foi decisiva para assegurar a vitória na disputa.
Os debates deram alento à campanha de Kerry, já que Bush vinha bem nas pesquisas. Agora, por que o democrata conseguiu equilibrar a contenda após seu face-a-face televisivo com Bush?
Bem, o senador teve a oportunidade de "apresentar-se" a boa parte do eleitorado e o fez de modo lúcido e moderado, ainda que, às vezes, bastante incisivo.
Ora, quem pensava em votar contra Bush, mas não confiava em Kerry por crer que se tratasse de alguém que muda demais de idéia, como diz Bush, percebeu estar ante um homem ponderado, o que, obviamente, não pode lhe fazer mal.


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