São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jornais reconhecem os esforços do presidente, mas apontam derrota

DA REDAÇÃO

Bush tentou, lutou, foi melhor que nos debates anteriores e até sorriu, mas, novamente, não levou. Essa foi a conclusão da maioria dos jornais americanos sobre o confronto em Tempe, Arizona.
"Em estilo e conteúdo -embora não em relação a seu oponente-, Bush esteve mais afável. Mais gentil, na verdade. Ele falou bastante sobre educação. Na hora de comentar temas potencialmente polêmicos, como homossexualidade e aborto, Bush evitou as posições inflexíveis preferidas por sua base para plantar sua bandeira dentro do território neutro e meloso que já foi ocupado por Bill Clinton", escreveu James Bennet no "New York Times", enfatizando que o presidente até sorriu ao falar de aborto.
Infelizmente para Bush, seus esforços para mostrar-se uma pessoa agradável foram prejudicados por uma minúscula, mas brilhante e claramente visível, concentração de saliva no canto direito de sua boca. "Os telespectadores podem ser perdoados por não conseguir prestar atenção nas suas respostas e ficar imaginando Laura Bush na primeira fila freneticamente acenando e limpando furiosamente a sua própria boca", observou Bennet.
O decano David Broder, do "Washington Post", avaliou que o presidente conseguiu evitar os tropeços e carrancas do primeiro debate -Bush até chegou a brincar, dizendo que a primeira-dama havia lhe ordenado que "ficasse ereto e não fizesse caretas". Ainda assim, achou que os ataques do republicano contra o rival não produziram resultado e que "Kerry, impecável como nos outros confrontos, não fez nada que causasse danos às suas chances".
Essa opinião foi acompanhada pelo conservador "Wall Street Journal" ("Bush estava tentando recriar a aura de ridículo que conseguiu pregar em torno de Kerry durante o verão [americano]. Mas Kerry bateu tanto quanto levou") e pelo "Philadelphia Inquirer" ("Bush teria dito em um encontro reservado com seguidores que iria "colocar o pé no pescoço de Kerry". [Anteontem] ele seguiu sua palavra. Mas não pareceu que Kerry sentiu alguma dor").
O democrata esteve mais descontraído e ganhou pontos com suas tentativas de humor. Broder, do "Washington Post", notou que "Kerry conseguiu as maiores risadas quando descreveu Bush e a si mesmo como "sortudos que se arrumaram no casamento", acrescentando em seguida, numa referência óbvia à fortuna de sua mulher, Teresa Heinz Kerry: "Talvez eu mais ainda que outros'".
O "USA Today" ainda lembrou dados preocupantes para Bush. "Em três eleições -1960, 1980 e 2000- um candidato foi para o primeiro debate atrás nas pesquisas e saiu do último na frente. Os três [John Kennedy, Ronald Reagan e George W. Bush] acabaram vencendo. Na verdade, em todas as oito eleições presidenciais que tiveram debates televisionados, o candidato que saiu do último debate na frente venceu a eleição."


Texto Anterior: Comentário: História recente expõe relevância de debates na TV
Próximo Texto: Cheneys atacam democrata por menção à filha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.