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Mineiros viram cabo de guerra político no Chile
Ex-presidente Michele Bachelet
critica acidente; Piñera faz promessas
Chefe de Estado vai ao
hospital onde estão os
resgatados, posa para
fotos e diz que acidentes
iguais não vão se repetir
LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A COPIAPÓ (CHILE)
Um dia após o fim da bem-sucedida operação de resgate dos 33 mineiros soterrados
no deserto chileno, terminou
a trégua entre governo e oposição acerca do drama. O tema ontem entrou na pauta
política do país.
O presidente Sebastián Piñera, que se colocou como
comandante da operação,
posou para foto ao lado dos
resgatados e fez um rosário
de promessas de que as condições de segurança vão melhorar nas minas.
Ao mesmo tempo, a ex-presidente socialista Michelle Bachelet (2006-2010), figura central da oposição, disse que o acidente "poderia
ter sido evitado".
"A segurança tem de ser
considerada muito seriamente", declarou ela, no
Vietnã, país que visitava em
sua condição de chefe da
agência da ONU para os direitos das mulheres.
Bachelet vingava-se, assim, das críticas feitas por Piñera em fevereiro último,
quando ela ainda era presidente, durante o terremoto
que matou mais de 400 pessoas no país.
Piñera, na época candidato, afirmou que tinha havido
"negligência tremenda" do
governo.
Ontem, o atual presidente,
em visita ao Hospital Regional de Copiapó, para onde os
mineiros foram levados depois que saíram da mina,
convidou-os para uma partida de futebol no Palácio de
La Moneda, sede do governo,
no dia 25 de outubro.
Time dos mineiros versus
seleção do palácio do governo. "Quem ganhar fica no palácio, quem perder volta para
as minas", brincou.
O encontro durou duas horas e meia. Nas imagens divulgadas pela assessoria de
imprensa do governo, veem-se os mineiros rindo com as
piadas do presidente, alguns
ainda com os óculos escuros
com que foram extraídos do
fundo da terra.
PROMESSAS
Piñera teve de falar sobre
as condições insalubres nas
minas chilenas.
O último a ser resgatado, o
mineiro Luís Urzúa, e o resgatista Manuel González pediram ao presidente providências para que não mais
aconteçam acidentes como o
que vitimou os 33 mineiros.
Piñera prometeu-lhes criar
"uma cultura de respeito aos
trabalhadores".
Depois, em uma coletiva
de imprensa, na porta do
hospital, disse que será intensificada a fiscalização das
condições de trabalho. E não
só no setor de mineração.
"Isto não é uma mensagem dirigida apenas aos trabalhadores, mas também aos
empresários, que terão de investir em segurança", afirmou o presidente.
"Nunca mais" tornou-se o
mantra dentro do governo
chileno.
O ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, disse que o
país "não pode mais fazer
vista grossa aos empresários
que acreditam que podem
expor as vidas dos trabalhadores chilenos".
"Isso é absolutamente inaceitável em um país que quer
alcançar o desenvolvimento", prosseguiu.
O presidente deixou o hospital abraçado aos mineiros.
Foi em direção a Santiago, de
onde deveria viajar para a
Europa.
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