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PRESSÃO
Medida determina embargo aéreo e bancário a guerrilha islâmica; escritório das Nações Unidas é atacado
ONU impõe sanções ao Afeganistão
das agências internacionais
A ONU impôs sanções aéreas e
econômicas ao Afeganistão como
forma de pressionar o Taleban,
guerrilha fundamentalista islâmica que controla 90% do país, a entregar aos EUA ou a outro país o
saudita Osama bin Laden.
Bin Laden é acusado de ter planejado os atentados às embaixadas dos EUA na Tanzânia e no
Quênia no ano passado, causando ao menos 224 mortes e deixando 4.000 feridos.
A partir de ontem aviões usados
pelo movimento, incluindo os da
linha aérea nacional Ariana, estão
proibidos de usar aeroportos de
outros países. A medida prevê
também o congelamento das contas do Taleban no exterior.
Serão admitidas exceções por
razões humanitárias, avaliadas
por um comitê. Vôos levando peregrinos muçulmanos a Meca
precisarão de autorização prévia.
Os EUA já haviam imposto suas
próprias sanções ao país no início
do ano, incluindo o congelamento dos ativos da empresa Ariana,
proibição de realização de investimentos norte-americanos no país
e de comércio com áreas sob controle do Taleban.
Embora o Taleban tenha ocupado a capital do país, Cabul, há
mais de três anos, a oposição ainda representa o Afeganistão na
ONU. Apenas o Paquistão, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes
Unidos reconhecem o Taleban
como o governo legítimo.
As sanções foram decididas pelo Conselho de Segurança da
ONU, que as aprovou, por unanimidade, no dia 15 de outubro. O
Taleban tinha um prazo de 30
dias para entregar Bin Laden e
evitar a adoção das restrições.
O ministro das Relações Exteriores do Taleban, Wakil Ahmad
Muttawakil, pediu que a ONU
cancelasse ou ao menos adiasse a
adoção das sanções e renovou
oferta de conversar com Washington. Mas reiterou que não entregaria Bin Laden aos EUA contra a sua vontade.
Milhares de afegãos saíram às
ruas ontem para protestar contra
as medidas. Manifestantes apedrejaram dois escritórios da ONU
no país e destruíram computadores, portões e janelas.
Nenhum funcionário da ONU
ficou ferido, mas vários guardas
do Taleban se machucaram ao
tentar evitar os ataques.
Os manifestantes também gritaram slogans antiamericanos em
frente à Embaixada dos EUA, fechada desde 89. "Morte à América, fora Clinton" e "longa vida ao
Islã", gritavam os manifestantes.
Impacto
Uma das consequências do embargo será a interrupção do serviço de correio, uma das poucas ligações do país com o mundo externo. O Taleban proibiu o uso de
TVs e videocassetes, por considerá-los contrários à moral islâmica.
O grupo é sunita, uma das correntes do Islã, oposta aos xiitas.
As medidas também podem ter
impacto sobre o já debilitado sistema de saúde do país. Autoridades afirmam que 50% dos remédios e equipamentos hospitalares
usados nos hospitais de Cabul são
trazidos por avião.
"Será o povo que irá sofrer, não
os integrantes do Taleban. Estamos acostumados à guerra e às
dificuldades", disse Azizur Rahman, encarregado de imprensa
da embaixada do Taleban na Arábia Saudita. Ele minimizou o impacto das sanções financeiras. "O
mundo existia antes de que os
bancos fossem inventados."
O Taleban confirmou a suspensão dos vôos e afirmou que a
companhia Ariana não fará viagens internacionais. Segundo o
ministro da Aviação Civil, Akhtar
Mohamad Mansur, o movimento
não violará as sanções.
O movimento Taleban foi fundado pelo mulá Muhamad Omar,
ex-guerrilheiro que lutou contra a
ocupação soviética nos anos 80. O
grupo surgiu de uma organização
de estudantes de teologia. Desde
96, o Taleban controla a capital e a
maior parte do território.
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