|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA SEM LIMITES
Relatório vê fracasso de sistema criado para combater rede porque países não cumprem determinações
Al Qaeda segue arrecadando, diz ONU
MARK TURNER
EDWARD ALDEN
DO "FINANCIAL TIMES"
O sistema internacional criado
para estrangular o fluxo de recursos financeiros que chegam à rede
terrorista Al Qaeda está sendo perigosamente prejudicado por
cooperação insuficiente, brechas
legislativas e falta de determinação política, avisa a ONU.
Um relatório da ONU recém-divulgado revela que, apesar dos
"avanços consideráveis" no combate ao financiamento do terror,
empresas e entidades beneficentes ligadas à Al Qaeda seguem
operando em todo o mundo.
O relatório destacou as atividades de Youssef Nada e Idris Nasreddin, diretores do grupo financeiro Al Taqwa, que, para os EUA,
é o maior responsável pela arrecadação de fundos para a rede.
O relatório afirma que Nada e
Nasreddin continuam a manter
interesses comerciais e bens na
Itália e na Suíça, apesar de terem
sido identificados como financistas do terror. Nada teria viajado a
Liechtenstein em janeiro e tentado registrar novamente duas empresas ligadas à Al Taqwa, sob nomes novos. Ao fazê-lo, violou a
proibição de viajar à qual é sujeito, decretada pela ONU.
Exemplos como esse ""refletem
pontos fracos graves e contínuos
relativos ao controle de bens e atividades comerciais que não sejam
contas bancárias", diz o relatório
da ONU. "A Al Qaeda, o Taleban e
as pessoas associadas à rede ainda
podem obter, solicitar, recolher,
transferir e distribuir somas consideráveis. Sem uma resolução
mais abrangente que obrigue os
países a tomar as medidas indicadas, o papel da ONU corre o risco
de ser marginalizado."
O "Financial Times" não conseguiu entrar em contato com Nada
na quinta-feira. Em janeiro do
ano passado, ele disse ao jornal
"The New York Times" que as
alegações de que sua empresa poderia ter tido vínculos com grupos extremistas eram "realmente
bobagem" e que as investigações
"estavam equivocadas, todas,
desde os EUA até a Suíça".
Várias resoluções da ONU intensificadas após o 11 de Setembro prevêem que os países membros devem enviar os nomes de
pessoas e organizações ligadas à
Al Qaeda e ao Taleban a um comitê especial da ONU. Depois de
checados, os nomes são incluídos
numa lista conjunta e ficam sujeitos a proibição de viajar, congelamento de seus bens e um embargo de armas. Mas a ONU afirma
que muitos países não vêm compartilhando informações em nível
adequado, não têm incorporado
todos os nomes necessários às listas "de proibidos" e vêm relutando em confiscar bens e empresas.
O chileno Heraldo Muñoz, presidente do comitê de sanções da
ONU, avisou nesta semana que
apenas 84 países-membros da
ONU -ou seja, menos de metade
do total de 191- já enviaram à organização relatórios sobre a aplicação das sanções.
Muñoz disse ainda que apenas
372 nomes foram incluídos na lista, apesar do fato de 4.000 pessoas
supostamente ligadas à Al Qaeda
terem sido presas ou detidas em
102 países. "Até o final do ano, farei um relatório sobre os países
que não estão seguindo as recomendações", disse ele. "É uma
questão urgente. Há pessoas morrendo."
O relatório também destaca a
continuidade das operações de
organizações beneficentes envolvidas no financiamento da Al
Qaeda e diz que o controle delas é
dificultado pelo fato de também
se envolverem com trabalho humanitário legítimo.
De acordo com o relatório, o
embargo de armas contra a Al
Qaeda parece estar sendo "totalmente ineficaz" sob diversos aspectos e precisa ser "inteiramente
reformulado". Os contrabandistas de armas estariam usando a
Somália e o Iêmen como pontos
de passagem de seu comércio regional, que se estende pela África
e o Oriente Médio.
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: Israel: Sharon é criticado por ex-comandantes Próximo Texto: Panorâmica - Paraguai: Ex-presidente é acusado por promotora Índice
|