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São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2003

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ISRAEL

Política é chamada de catastrófica

Sharon é criticado por ex-comandantes

DA REDAÇÃO

A política do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, em relação aos palestinos foi duramente criticada ontem por quatro ex-comandantes do Shin Bet, o poderoso serviço de segurança interna de Israel. Na opinião deles, se o país não retirar suas tropas da faixa de Gaza e da Cisjordânia e chegar logo a um acordo de paz estará caminhando para uma catástrofe.
"Nós estamos indo ladeira abaixo rumo a uma catástrofe. Se nada acontecer, e continuarmos vivendo pela lei da espada, seguiremos afundando na lama até nos destruirmos", disse Yaakov Peri, um dos quatro ex-comandantes, em entrevista ao jornal "Yedioth Ahronoth", o maior do país.
O Shin Bet, comandado por pessoas de variadas tendências políticas, controla uma rede de informantes palestinos e está na linha de frente da batalha de Israel contra os grupos extremistas.
Ami Ayalon, um ex-general de tendências esquerdistas que dirigiu o Shin Bet entre 1996 e 2000, disse que o governo precisa agir unilateralmente e retirar tropas e colonos de Gaza. "Estamos caminhando para uma situação em que Israel deixará de ser uma democracia e o lar dos judeus", afirmou, fazendo referência às estimativas de que a população palestina irá superar a dos judeus israelenses se seguir a ocupação.
As críticas acontecem num momento em que Sharon está ponderando sobre uma trégua com os palestinos, após a formação de um novo governo liderado por Ahmed Korei. Os militares são favoráveis à trégua, mas o atual chefe do Shin Bet é contra, por acreditar que os grupos extremistas aproveitariam o acordo para se preparar para mais ataques.
A entrevista reforça críticas recentes do comandante das Forças Armadas, Moshe Yaalon. "De uma vez por todas, nós precisamos admitir que existe um outro lado, que ele tem sentimentos e está sofrendo, e que nós estamos nos comportando de maneira vergonhosa", afirmou Yaalon.
Uma alta autoridade do governo israelense chamou os quatro de "ingênuos": "A situação não está tão delicada como eles dizem. Nós tivemos grandes conquistas em nossa luta contra o terrorismo. Mas vamos aliviar a pressão sobre os palestinos em todos os lugares em que for possível."
As críticas ocorrem num momento de queda de popularidade de Sharon, eleito em 2001 prometendo trazer segurança a Israel e acabar com a Intifada, a revolta palestina iniciada em 2000.


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