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AMÉRICA LATINA
Crise diplomática cresce após último ataque retórico de Chávez contra Fox; mexicano ameaça romper relações
Venezuela e México retiram embaixadores
DA REDAÇÃO
A crise diplomática entre México e Venezuela se agravou ontem,
depois que Caracas rechaçou um
ultimato para que o presidente
Hugo Chávez se desculpasse formalmente por declarações feitas
anteontem contra o colega Vicente Fox e chamou o seu embaixador de volta. Em seguida, o México anunciou a retirada de seu embaixador da Venezuela.
Em entrevista à TV CNN ontem
à tarde, Fox ameaçou romper de
vez as relações diplomáticas. "Se
continuarmos escutando o que
temos escutado, claro que sim",
ao ser questionado se a crise caminha pra uma ruptura. Com a
saída dos embaixadores, as relações bilaterais ficaram reduzidas
aos encarregados de negócios.
O ultimato mexicano veio em
resposta às declarações de Chávez
feitas anteontem, em seu programa de TV "Alô, Presidente",
quando, em tom sério, ameaçou
Fox: "Não se meta comigo, cavalheiro, porque sairá espinhado".
Em resposta, o porta-voz da
Presidência mexicana, Rubén
Aguilar, disse que Chávez teria de
se desculpar até a meia-noite de
ontem, caso contrário o embaixador mexicano seria chamado de
volta e o representante venezuelano, "convidado" a deixar o país.
A Venezuela não esperou o prazo se esgotar e ordenou a volta do
seu embaixador na Cidade do
México, Vladimir Villegas. Em
entrevista coletiva, o chanceler venezuelano, Ali Rodriguez, leu
uma nota à imprensa na qual qualifica de "agressão sem sentido" o
ultimato mexicano e diz que a crise é de "inteira responsabilidade
do presidente Fox".
"Desde a sua chegada a Mar del
Plata [Argentina], divulgou seus
ataques à posição do governo venezuelano durante as negociações
preparatórias da 4ª Cúpula das
Américas", diz a nota, sobre o encontro realizado nos dias 4 e 5.
"Uma vez concluída a cúpula, o
presidente Fox se arremeteu contra a posição venezuelana em termos desrespeitosos muito divulgados e nunca negados por tão alto mandatário contra o presidente Chávez", continua a nota.
No centro da polêmica entre
Fox e Chávez estão as divergências entre as "duas Américas", termo cunhado por analistas para
exprimir o impasse entre os países que defendiam a aceleração
das negociações da Alca (EUA,
México e outros 27 dos 34 países
da região) e os que acreditam que
ainda não há condições para isso
(Brasil, Venezuela, Argentina e os
demais países do Mercosul).
Logo após a cúpula, Fox já havia
trocado farpas com o presidente
argentino, Néstor Kirchner, sobre
os resultados do encontro.
Na quarta-feira, Chávez tomou
as dores e chamou Fox de "entreguista" e "filhote do império".
Dois dias depois, a crise tinha sido praticamente contornada após
conversa telefônica entre os dois
chanceleres. As declarações de
Chávez anteontem, no entanto,
colocaram tudo a perder.
O governo brasileiro preferiu
não tomar partido na questão.
Em nota divulgada ontem, o Itamaraty disse apenas que o "Brasil
tem ótimas relações tanto com o
México como com a Venezuela e
espera que os dois países amigos
superem suas divergências."
Para o analista político Lorenzo
Meyer, a retirada dos embaixadores é "estritamente simbólica". "É
um problema das elites dirigentes, mas que não transcende à sociedade mexicana. Para a vida cotidiana, a política externa só é importante quando afeta as suas relações com os Estados Unidos,
para quem enviamos quase 90%
das nossas exportações", disse.
Com agências internacionais
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