São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 2005

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ARGENTINA

Aníbal Ibarra pode ser cassado

Processo afasta prefeito de Buenos Aires

FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES

Os deputados de Buenos Aires decidiram ontem abrir processo de cassação contra o prefeito da cidade, Aníbal Ibarra, por sua suposta responsabilidade política no incêndio em uma boate que matou 194 pessoas em dezembro do 2004. Ibarra fica afastado do cargo até que se julgue o mérito.
A derrota do prefeito no chamado caso Cromagnon -referência ao nome da casa de show onde ocorreu a tragédia- foi uma derrota do presidente argentino Néstor Kirchner, seu aliado. A despeito da pressão da Casa Rosada, a oposição a Ibarra conseguiu os exatos 30 votos necessários para acusá-lo formalmente de "mau desempenho" no caso.
Agora, o Legislatura de Buenos Aires tem 120 dias para julgar o prefeito afastado. O vice assume. Para afastar Ibarra definitivamente, são necessários 10 votos entre os 15 nomes que formam a "sala julgadora" da Casa. Como o processo é inédito, estuda-se quem deve julgar o prefeito, já que parte da Legislatura será renovada em 10 de dezembro com parlamentares eleitos em outubro último.
Só dez parentes das vítimas estavam autorizados a assistir a votação, depois que a sessão da última quinta-feira acabou em confronto. Os familiares, então, decidiram acompanhar do lado de fora. Com centenas de pessoas e de opositores a Kirchner, comemoraram a decisão perto dali, na avenida de Maio. Cerca de 500 policiais e barreiras de ferro reforçaram a segurança. Também por segurança, estações de metrô próximas foram fechadas.
Após a decisão, Ibarra acusou a oposição de manipular a dor dos familiares para vencer.
O incêndio na boate Republica Cromagnon foi provocado por fogos de artifícios lançados durante o show da banda de rock Callejeros -a maioria das vítimas eram jovens. A casa de show estava superlotada, a saída de emergência estava trancada com cadeados e o alvará do Corpo de Bombeiros, vencido.


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