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Chávez volta a atacar empresas da Espanha
Bate-boca no Chile iniciou a crise diplomática
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, aumentou o tom
de suas críticas e ameaças contra a Espanha por causa do "Por
que não te calas?" que lhe dirigiu o rei Juan Carlos no fim de
semana, no Chile. Chávez disse
ontem que está investigando os
negócios de todas as empresas
daquele país na Venezuela.
"Neste momento, estou submetendo a uma profunda revisão as relações políticas, diplomáticas e econômicas com a
Espanha. Isso significa que as
empresas espanholas precisam
prestar mais contas, e eu vou ficar de olhar no que estão fazendo aqui", disse o presidente em
entrevista a uma TV local.
Empresas espanholas têm
uma forte presença na economia venezuelana, sobretudo
em bancos (Santander e BBVA)
e na telefonia (Telefónica).
Chávez também fez duras
críticas ao atual premiê espanhol, o socialista José Luis Zapatero: "Com um presidente
que defende um fascista [o ex-premiê espanhol José María
Aznar] e atropela a verdade e
um rei que pretende atropelar a
dignidade de um povo, é difícil
ter boas relações", afirmou.
O presidente venezuelano
também disse que o rei espanhol "deveria pedir desculpas"
por tê-lo mandado calar a boca.
A confusão diplomática teve
início durante a 17ª Cúpula Ibero-Americana. Após Chávez ter
chamado o conservador Aznar
de "fascista", Zapatero exigiu
"respeito" do venezuelano. Durante o altercado entre os dois,
o rei gritou a já histórica frase.
Madri optou por não alimentar o bate-boca. O chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, disse que a "persistência
declarativa" de Chávez prejudica o fim da crise diplomática.
Referendo
Também ontem, estudantes
oposicionistas e governistas
voltaram a realizar manifestações em torno do referendo da
reforma constitucional.
No interior, dois estudantes
da oposição foram baleados anteontem durante manifestação
em Barinas (oeste), capital do
Estado natal de Chávez, administrado por seu pai, Hugo de
los Reyes.
Apesar da proximidade do
referendo -dia 2 de dezembro-, Chávez começa hoje uma
viagem internacional de seis
dias que incluirá França, Irã e
Arábia Saudita, onde participará da cúpula da Opep (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo). Uma escala em
Portugal não foi confirmada.
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