São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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Quase sem trens e metrô, parisienses improvisam e até dormem no trabalho

CINTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS


Com menos de um quarto dos trens nacionais e 20% do metrô parisiense em circulação, a saída foi improvisar.
Quem mora na periferia e trabalha em Paris teve como opção os raros e lotados trens suburbanos. Nas estações, a companhia de trens SNCF até colou papéis com os horários alternativos, mas os atrasos foram constantes, e os vagões passavam muito cheios.
"Tive que acordar muito mais cedo para pegar o trem. Estava lotado e teve muita confusão para entrar", disse a esteticista Alexandra Gerbet, que trabalha no Boulevard Haussmann. Apreensiva, ela e suas colegas cogitavam dormir no trabalho. "Podemos usar as camas de massagem das clientes. O problema é que o sistema de água quente está com defeito, e vai ser difícil tomar banho gelado com esse frio." Os termômetros na capital marcaram 0C ontem.
Outra opção foi recorrer a bicicletas, patins, patinetes, caminhadas e caronas -estas organizadas por diversos sites que reuniam interessados.
Mas o excesso de carros nas ruas provocou congestionamentos recordes. No horário de pico da volta do trabalho, por volta das 17h, foram registrados 350 km de engarrafamento em Paris e arredores.
"Para não ficar preso no "périphéfique" [espécie de via expressa que circunda Paris], saí bem mais tarde de casa para o trabalho e voltei bem mais cedo. No final, até que a greve não foi tão ruim, pois trabalhei menos", graceja o engenheiro de telecomunicação Samuel Marchand. Ele só não achou graça em gastar com combustível. "Minha empresa reembolsa meu passe de transporte, mas, no caso da gasolina, quem paga sou eu. Se a greve durar muito, vou ter prejuízo."
Marchand também abrigou na sua casa amigos que não conseguiram voltar para casa.
Sem carro, Dassine Doumane planejava para hoje um périplo para chegar a seu estágio que combinava metrô e caminhadas. "Na greve do mês passado, nesse esquema, eu até consegui chegar ao trabalho. Mas levei duas horas e meia quando normalmente levo no trajeto 45 minutos."
Temendo uma greve longa, algumas empresas reforçaram o uso de teleconferências. "Quem não puder vir poderá usar o sistema de conferências e trabalhar à distância. O escritório hoje [ontem] está vazio", disse o administrador Matthieu Triolaire


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