|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Quase sem trens e metrô, parisienses improvisam e até dormem no trabalho
CINTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Com menos de um quarto
dos trens nacionais e 20% do
metrô parisiense em circulação, a saída foi improvisar.
Quem mora na periferia e
trabalha em Paris teve como
opção os raros e lotados trens
suburbanos. Nas estações, a
companhia de trens SNCF
até colou papéis com os horários alternativos, mas os atrasos foram constantes, e os vagões passavam muito cheios.
"Tive que acordar muito
mais cedo para pegar o trem.
Estava lotado e teve muita
confusão para entrar", disse a
esteticista Alexandra Gerbet,
que trabalha no Boulevard
Haussmann. Apreensiva, ela
e suas colegas cogitavam dormir no trabalho. "Podemos
usar as camas de massagem
das clientes. O problema é
que o sistema de água quente
está com defeito, e vai ser difícil tomar banho gelado com
esse frio." Os termômetros na
capital marcaram 0C ontem.
Outra opção foi recorrer a
bicicletas, patins, patinetes,
caminhadas e caronas -estas
organizadas por diversos sites que reuniam interessados.
Mas o excesso de carros nas
ruas provocou congestionamentos recordes. No horário
de pico da volta do trabalho,
por volta das 17h, foram registrados 350 km de engarrafamento em Paris e arredores.
"Para não ficar preso no
"périphéfique" [espécie de via
expressa que circunda Paris],
saí bem mais tarde de casa para o trabalho e voltei bem
mais cedo. No final, até que a
greve não foi tão ruim, pois
trabalhei menos", graceja o
engenheiro de telecomunicação Samuel Marchand. Ele só
não achou graça em gastar
com combustível. "Minha
empresa reembolsa meu passe de transporte, mas, no caso
da gasolina, quem paga sou
eu. Se a greve durar muito,
vou ter prejuízo."
Marchand também abrigou
na sua casa amigos que não
conseguiram voltar para casa.
Sem carro, Dassine Doumane planejava para hoje um
périplo para chegar a seu estágio que combinava metrô e
caminhadas. "Na greve do
mês passado, nesse esquema,
eu até consegui chegar ao trabalho. Mas levei duas horas e
meia quando normalmente
levo no trajeto 45 minutos."
Temendo uma greve longa,
algumas empresas reforçaram o uso de teleconferências. "Quem não puder vir poderá usar o sistema de conferências e trabalhar à distância. O escritório hoje [ontem]
está vazio", disse o administrador Matthieu Triolaire
Texto Anterior: Entre 85 universidades, piquetes já fecharam 13 Próximo Texto: Alemanha: Greve pára trens de carga e atingirá transporte de passageiros Índice
|