São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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Rússia concorda em congelar instalação de mísseis até 2009

Em cúpula com UE, Moscou aceita adiar envio de artefatos a Kaliningrado em reação a escudo americano no Leste Europeu

Sarkozy, presidente de turno do bloco, quer encontro de segurança com presença dos EUA; líderes acertam voltar a negociações para cooperação

DA REDAÇÃO

Os presidentes russo, Dmitri Medvedev, e francês, Nicolas Sarkozy, que ocupa a presidência da União Européia, concordaram em congelar a instalação de mísseis por Moscou no litoral do Báltico, e pelos EUA no Leste Europeu, até a realização de um encontro sobre segurança em 2009. Washington não se manifestou sobre o anúncio, feito sob a premissa de que os países receptores de seu escudo antimísseis, Polônia e República Tcheca, pertencem à UE.
Em cúpula bilateral realizada ontem em Nice, sul da França, Sarkozy disse ter mostrado "o quanto nós ficamos preocupados com o anúncio [da instalação de mísseis russos no encrave de Kaliningrado] e como não deveriam ser tomadas medidas até que se discutissem as novas condições geopolíticas para uma segurança pan-européia".
Na semana passada, Moscou anunciara a intenção de instalar os artefatos no território fronteiriço com a Lituânia e a Polônia, em reação ao plano do governo de George W. Bush, que acaba em 20 de janeiro.
"Deveríamos evitar medidas unilaterais. A Rússia nunca as tomou, a não ser [fazer ameaças] em reação a alguns países europeus que, sem consultar ninguém, fecharam esses acordos", disse Medvedev em alusão a Praga, que aceitou receber radares americanos, e Varsóvia, que terá mísseis interceptores. Moscou vê no sistema uma afronta, mas os EUA dizem que ele visa a defesa contra um possível ataque do Irã.
Após as declarações, o vice-premiê tcheco, Alexandr Vondra, disse que Sarkozy não tem mandato para convocar uma paralisação da instalação do escudo americano. "A França não nos consultou", afirmou. A República Tcheca substituirá a França na presidência rotativa da UE em janeiro.
Para Sarkozy, o encontro sobre segurança poderia ocorrer entre junho e julho de 2009 no âmbito da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que inclui os EUA. A reunião, disse, não precisa ser conclusiva, mas pode "lançar as bases de um futuro pacto de segurança européia".

Acordo de cooperação
Medvedev e Sarkozy concordaram também em retomar as negociações sobre o novo tratado de cooperação política e econômica, conforme os líderes europeus haviam anunciado após encontro preparatório na segunda. Na ocasião, só a Lituânia opôs-se ao reatamento.
A UE suspendera as negociações em setembro devido ao conflito entre Rússia e Geórgia em agosto. No episódio, Tbilisi invadiu o território separatista da Ossétia do Sul, ao que Moscou reagiu invadindo o país e, posteriormente, reconhecendo a independência tanto da Ossétia do Sul como da Abkházia.
Sarkozy elogiou o cumprimento do cessar-fogo por Moscou, mas cobrou a conclusão da retirada russa da Geórgia. A decisão de retomar o diálogo, a princípio em 2 de dezembro, sinaliza o pragmatismo do bloco. Cerca de 40% do gás consumido na Europa vêm da Rússia.


Com agências internacionais


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