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Conheça os princípios da política externa de Bush
DAVID STOREY
DA "REUTERS"
George W. Bush não conquistou a Presidência por sua experiência ou habilidade em política
externa. O governador do Texas
até hoje manifestou pouco interesse pelo mundo fora dos EUA,
tendo viajado para o exterior apenas três vezes em seus 54 anos
(com a exceção de várias viagens
ao México, vizinho do Texas).
Desde a eleição de 7 de novembro, porém, Bush vem dando
atenção especial à política externa
e o vem fazendo publicamente,
talvez com o intuito de mostrar ao
mundo preocupado que, apesar
das semanas de incerteza quanto
ao resultado da eleição, não haverá hiato na política externa.
Para compensar sua inexperiência e fortalecer sua legitimidade após a estreita vitória, Bush escolherá os integrantes de sua
equipe de segurança nacional entre um grupo de assessores experientes, incluindo o general da reserva Colin Powell, o mais cotado
para o cargo de secretário de Estado (chanceler).
Numa campanha dominada
por questões nacionais, Bush traçou alguns princípios de política
externa diferentes de Bill Clinton.
Um ponto destacado é sua relutância maior em intervir em conflitos no exterior.
Ele vai manter o compromisso
dos EUA com o livre comércio e a
Otan (aliança militar ocidental),
apesar de ter preocupado os aliados europeus ao sugerir a retirada
das forças americanas de manutenção da paz da Bósnia, dizendo
que as tropas americanas se destinam a "travar guerras", não a
manter a paz.
Diz que vai manter as sanções
rígidas impostas ao Iraque e a
cooperação com a China, embora
veja o gigante comunista mais como "concorrente estratégico" do
que como "parceiro estratégico".
Na primeira entrevista que concedeu após a eleição, Bush procurou dissipar esses temores, fazendo questão de enfatizar que os
EUA precisam assumir suas responsabilidades no mundo, fortalecer suas alianças mais importantes e não retroceder para o isolacionismo. "Os EUA não podem
vencer sozinhos", disse à TV CBS.
"A principal ameaça que confronta o país é o isolacionismo. Precisamos fortalecer nossas alianças e
trabalhar com nossos amigos."
Bush prometeu seguir adiante
com o polêmico sistema nacional
de defesa antimísseis, expandindo-o para proteger não apenas os
EUA, mas também os aliados e as
tropas americanas em todo o
mundo, apesar das ameaças russas de que isso selará o fim dos
tratados internacionais de armas.
Seus comentários suscitaram
em Moscou o temor de que a era
dos acordos formais sobre armas,
base da estabilidade mundial durante a Guerra Fria, possa ter chegado ao fim e que uma Casa Branca ocupada por Bush possa adotar
uma estratégia mais unilateral.
Aparentemente no intuito de
afastar os temores de que possa
incentivar uma atitude mais arrogante dos EUA, Bush diz que o
país precisa demonstrar humildade e, ao mesmo tempo, manter-se
firme em seus princípios.
Na entrevista à CBS, Bush disse
que os EUA devem manter no
mundo "uma presença humilde,
porém consistente". "Quando
dissermos alguma coisa, estaremos falando a sério e transformaremos nossas palavras em ação".
Bush já disse que preferirá deixar que os aliados regionais dos
EUA arquem com o peso maior
em conflitos regionais, como o
dos Bálcãs. Ao mesmo tempo,
concentrará forças para dominar
os inimigos em conflitos maiores
que afetem os EUA diretamente,
como no golfo Pérsico ou no Sudeste Asiático. É a posição do carismático e amplamente respeitado Powell, que comandou as tropas na Guerra do Golfo (91).
Em relação ao Oriente Médio, a
posição de Bush é semelhante à de
Clinton. Mas diferem sobre um
ponto importante: Bush diz que
dará início aos preparativos para
transferir a embaixada americana
de Tel Aviv a Jerusalém assim que
tomar posse, uma antiga reivindicação israelense.
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