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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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Sentimentos se dividem no mundo árabe após prisão de líder anti-EUA

DA REDAÇÃO

O mundo árabe recebeu a notícia da captura de Saddam Hussein com os sentimentos divididos: ao mesmo tempo em que a prisão do violento ex-ditador foi bem recebida oficialmente pelos países da região, parte da população lamentou que um símbolo da resistência árabe aos americanos esteja agora atrás das grades.
Na faixa de Gaza e na Cisjordânia, onde os palestinos lutam contra a ocupação israelense, a prisão foi recebida como má notícia, por se tratar de uma vitória dos EUA, aliados de Israel.
"É um dia triste da história. Não porque Saddam seja árabe, mas por ter sido o único homem que disse "não" para a injustiça americana no Oriente Médio", disse o taxista palestino Fadiq Husam.
A Autoridade Nacional Palestina não quis comentar a prisão de Saddam. Mas Abdel al Rantissi, líder do grupo terrorista Hamas, disse que os EUA "pagarão um preço muito alto pelo erro" de prender Saddam.
"Claro que é uma notícia ruim. Para nós, Saddam era um símbolo de resistência aos planos norte-americanos para a região. E nós apoiamos qualquer pessoa que desafie a dominação americana", disse Azzam Hneidi, membro do Parlamento da Jordânia.
No Iêmen, o professor Mohammed Qader disse que esperava que Saddam resistisse à prisão ou se suicidasse. "Ele desapontou muitos de nós, é um covarde."
A comemoração pela captura só foi mais visível no Kuait, país ocupado pelo regime de Saddam de 1990 a 1991. Vários carros passavam pelas ruas buzinando.

Notas oficiais
O chanceler egípcio, Ahmed
Maher, disse: "Não creio que ninguém ficará triste por causa de Saddam. Seu governo causou mal à população e jogou a região árabe em diversas turbulências".
O governo da Jordânia disse que espera que a prisão represente uma "página virada" na história do Iraque, mas defendeu que a população tenha a "primeira e a última palavras" sobre a captura de Saddam.
Os nove netos de Saddam que vivem na Jordânia, filhos das duas filhas do ex-ditador exiladas naquele país, choraram ao saber da prisão do avô, segundo relatos de pais de colegas do colégio.


Com agências internacionais


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