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Saddam se diz triste e não coopera, afirma revista
DA REDAÇÃO
"Estou triste porque meu povo
está escravizado." A resposta do
ex-ditador iraquiano Saddam
Hussein foi dada durante o primeiro interrogatório após sua
captura, anteontem, segundo
transcrição obtida pela revista
"Time", que teve trechos disponibilizados no site da publicação.
"Se eu beber água, terei de ir ao
banheiro. Como vou conseguir ir
ao banheiro sabendo que meu
povo está escravizado?", retrucou, ao negar um copo d'água,
sempre segundo a "Time".
Embora não tenha oferecido resistência ao ser preso e inicialmente estivesse "falante" e "colaborativo", segundo relatos dos
militares americanos, o ex-ditador pouco colaborou com seus
interrogadores.
Ele não respondeu nenhuma
questão diretamente e, por vezes,
foi incoerente. A transcrição, disse o oficial americano que leu o
documento para a "Time", estava
"cheia da retórica de Saddam".
Indagado sobre o paradeiro de
um piloto americano desaparecido na Guerra do Golfo (1991), disse que "nunca soube o que aconteceu". "Nunca mantivemos prisioneiros."
Sobre o suposto arsenal de destruição em massa iraquiano, nunca encontrado, afirmou que ele
não existe. "Os EUA sonharam
com ele para ter uma razão para ir
à guerra". Questionado sobre a
razão de impedir o acesso dos inspetores da ONU a determinados
lugares, disse que não queria "intrusos nas áreas presidenciais".
Durante a prisão de Saddam, no
entanto, os soldados encontraram "material escrito descritivo
de valor significativo", segundo
um comandante americano, que
falou à agência Associated Press
sob a condição de anonimato. O
militar se negou a dizer se os escritos eram relacionados à resistência iraquiana.
Saddam foi levado para um
centro de detenção em local ignorado -segundo a revista, uma
cela no Aeroporto Internacional
de Bagdá. Relatos não confirmados afirmam que ele teria sido levado para Qatar.
"Ele parecia cansado e abatido,
mas não mostrava arrependimento e em alguns momentos
tentava justificar seus crimes",
disse Adnan Pachachi, membro
do Conselho de Governo Iraquiano que viu o ex-ditador. "Quando
lhe dissemos que fosse às ruas e
visse as pessoas celebrando, ele
respondeu que eram desordeiros.
Quando lhe perguntamos sobre
as valas comuns [em que estão
enterrados dezenas de milhares
de opositores do regime], ele disse que eram ladrões", disse o líder
xiita Adel Abdel Mahdi.
Washington espera que a captura do ex-ditador ajude a interromper a onda de ataques iraquianos que, desde o anúncio do
fim dos principais confrontos, em
1º de maio, já matou quase 200
soldados dos EUA.
Entretanto o general Ray Odierno, comandante da 4ª Divisão de
Infantaria, ressaltou que não há
sinal de que o ex-ditador estivesse
por trás da insurgência. Nenhum
aparelho para comunicação foi
encontrado em seu esconderijo.
"Se eu espero um aumento em
retaliação?", disse o general Ricardo Sanchez, comandante das tropas americanas em terra. "Não
sei. Não poderia responder isso,
mas posso dizer que estamos preparados e que derrotaremos esses
elementos."
Já membros do Conselho de
Governo Iraquiano disseram esperar que a prisão acelere a transição de poder, prevista para julho.
A posição é compartilhada por
analistas americanos que vêem na
prisão uma forma de Bush acelerar a saída de tropas do Iraque e,
com isso, reduzir a possibilidade
de grandes baixas que atrapalhem
suas chances de reeleição.
Com agências internacionais
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