São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Premiê palestino é barrado em Gaza

Israel libera entrada de Haniyeh sem os US$ 35 milhões arrecadados em países muçulmanos; confrontos deixam um morto

Membros do Hamas tomam posto de fronteira e trocam tiros com seguranças do Fatah; filho do premiê e outros 19 ficam feridos

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, foi impedido ontem por Israel de entrar na faixa de Gaza quando voltava pelo Egito de uma viagem a países muçulmanos com US$ 35 milhões em espécie. Após horas de impasse e tensão, que incluíram trocas de tiros entre o Hamas de Haniyeh e o oposicionista Fatah, o premiê foi autorizado a entrar no território, mas teve que deixar o dinheiro com autoridades egípcias.
Uma pessoa morreu e ao menos 20 pessoas ficaram feridas nos incidentes, entre elas um dos filhos de Haniyeh.
Os confrontos tiveram início quando membros do Hamas, irritados com a decisão de Israel, foram até a fronteira e tomaram o posto de passagem de Rafah, cujo controle é monitorado pela União Européia, com a segurança feita pelo Fatah. Após os incidentes, a UE anunciou que fecharia a fronteira e que Haniyeh só teria permissão para entrar em Gaza hoje.
Mas, segundo a agência Associated Press, o anúncio da UE foi ignorado pelos militantes do Hamas, que cruzaram a fronteira com três carros para buscar o premiê. Duas explosões foram ouvidas e, de acordo com responsáveis pela segurança, serviram para abrir um buraco na grade da fronteira, a cerca de um quilômetro do posto.
Israel anunciou que deixaria o premiê palestino voltar a Gaza, mas sem o dinheiro. A Rádio Israel informou que os US$ 35 milhões ficariam no Egito e seriam depositados, hoje, em uma conta da Liga Árabe.
Quando Haniyeh finalmente conseguiu passar pela fronteira, sua comitiva se envolveu em novo tiroteio com membros do Fatah. O premiê escapou ileso, mas um de seus guarda-costas morreu e dois ficaram feridos.
Um boicote financeiro internacional foi imposto à Autoridade Nacional Palestina (ANP) após a vitória do Hamas nas eleições do início do ano. Desde então, os palestinos passam por uma grave crise e a ANP não consegue pagar os salários de seus 130 mil funcionários.
Diante da crise, Haniyeh começou uma peregrinação por países muçulmanos para arrecadar fundos. Nesta semana ele esteve no Irã e no Sudão, onde disse à rede de TV Arabiya que Teerã prometera uma ajuda de US$ 250 milhões para o ano que vem.
Além das dificuldades financeiras, os territórios palestinos vivem uma tensa crise política, com uma crescente disputa entre os dois principais grupos, o Hamas, do premiê Haniyeh, e o Fatah, do presidente Mahmoud Abbas. No mais recente e brutal episódio de violência iniciada após a vitória do Hamas, três meninos entre três e nove anos, filhos de um assessor de Abbas, foram assassinados a tiros em Gaza nesta semana.
Os incidentes de ontem intensificaram a crise interna e afastaram ainda mais qualquer possibilidade de um governo de união, que vinha sendo articulados há meses entre o Hamas e o Fatah. No último sábado, o presidente Abbas disse que anunciaria a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas até o fim desta semana, caso um acordo não fosse obtido. O principal obstáculo é a recusa do Hamas em reconhecer o direito de existência de Israel e aceitar os acordos já assinados com o Estado judeu.


Com agências internacionais


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