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Premiê palestino é barrado em Gaza
Israel libera entrada de Haniyeh sem os US$ 35 milhões arrecadados em países muçulmanos; confrontos deixam um morto
Membros do Hamas tomam posto de fronteira e trocam tiros com seguranças do Fatah; filho do premiê e outros 19 ficam feridos
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, foi impedido ontem por Israel de entrar
na faixa de Gaza quando voltava pelo Egito de uma viagem a
países muçulmanos com US$
35 milhões em espécie. Após
horas de impasse e tensão, que
incluíram trocas de tiros entre
o Hamas de Haniyeh e o oposicionista Fatah, o premiê foi autorizado a entrar no território,
mas teve que deixar o dinheiro
com autoridades egípcias.
Uma pessoa morreu e ao menos 20 pessoas ficaram feridas
nos incidentes, entre elas um
dos filhos de Haniyeh.
Os confrontos tiveram início
quando membros do Hamas,
irritados com a decisão de Israel, foram até a fronteira e tomaram o posto de passagem de
Rafah, cujo controle é monitorado pela União Européia, com
a segurança feita pelo Fatah.
Após os incidentes, a UE anunciou que fecharia a fronteira e
que Haniyeh só teria permissão
para entrar em Gaza hoje.
Mas, segundo a agência Associated Press, o anúncio da UE
foi ignorado pelos militantes do
Hamas, que cruzaram a fronteira com três carros para buscar o premiê. Duas explosões
foram ouvidas e, de acordo com
responsáveis pela segurança,
serviram para abrir um buraco
na grade da fronteira, a cerca de
um quilômetro do posto.
Israel anunciou que deixaria
o premiê palestino voltar a Gaza, mas sem o dinheiro. A Rádio
Israel informou que os US$ 35
milhões ficariam no Egito e seriam depositados, hoje, em
uma conta da Liga Árabe.
Quando Haniyeh finalmente
conseguiu passar pela fronteira, sua comitiva se envolveu em
novo tiroteio com membros do
Fatah. O premiê escapou ileso,
mas um de seus guarda-costas
morreu e dois ficaram feridos.
Um boicote financeiro internacional foi imposto à Autoridade Nacional Palestina (ANP)
após a vitória do Hamas nas
eleições do início do ano. Desde
então, os palestinos passam por
uma grave crise e a ANP não
consegue pagar os salários de
seus 130 mil funcionários.
Diante da crise, Haniyeh começou uma peregrinação por
países muçulmanos para arrecadar fundos. Nesta semana ele
esteve no Irã e no Sudão, onde
disse à rede de TV Arabiya que
Teerã prometera uma ajuda de
US$ 250 milhões para o ano
que vem.
Além das dificuldades financeiras, os territórios palestinos
vivem uma tensa crise política,
com uma crescente disputa entre os dois principais grupos, o
Hamas, do premiê Haniyeh, e o
Fatah, do presidente Mahmoud Abbas. No mais recente e
brutal episódio de violência iniciada após a vitória do Hamas,
três meninos entre três e nove
anos, filhos de um assessor de
Abbas, foram assassinados a tiros em Gaza nesta semana.
Os incidentes de ontem intensificaram a crise interna e
afastaram ainda mais qualquer
possibilidade de um governo de
união, que vinha sendo articulados há meses entre o Hamas e
o Fatah. No último sábado, o
presidente Abbas disse que
anunciaria a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas até o fim desta semana, caso um acordo não
fosse obtido. O principal obstáculo é a recusa do Hamas em
reconhecer o direito de existência de Israel e aceitar os
acordos já assinados com o Estado judeu.
Com agências internacionais
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