São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Eleições municipais são teste para presidente do Irã

Assembléia dos Especialistas também será eleita; baixo comparecimento às urnas pode determinar nova derrota dos reformistas

NAZILA FATHI
DO "NEW YORK TIMES", EM TEERÃ

Os iranianos irão às urnas hoje em eleições que devem servir como teste para determinar se o presidente Mahmoud Ahmadinejad continua a desfrutar do mesmo apoio popular que o levou a conquistar a Presidência 18 meses atrás. O pleito elegerá representantes para os legislativos municipais em todo o país e para a Assembléia dos Especialistas, de 86 membros. A Assembléia tem o poder de substituir o líder supremo do país, mas, desde que selecionou o aiatolá Ali Khamenei para o posto, em 1989, só se reúne, a portas fechadas, duas vezes por ano.
Os conselhos municipais, por outro lado, exercem substancial influência política, especialmente na capital, Teerã. Os conselhos são responsáveis por indicar os prefeitos. O Conselho de Guardiões, cuja tarefa é fiscalizar os pedidos de registro para candidaturas eleitorais, rejeitou 240 dos 490 candidatos que se apresentaram inicialmente para postos na Assembléia dos Especialistas. Outros candidatos optaram por abandonar a disputa, e restaram apenas por volta de 140 pessoas na corrida pelos 86 assentos, em uma eleição organizada em formato distrital. Em alguns distritos, apenas um candidato disputa o posto.
O Conselho rejeitou candidatos que adotavam posição tolerante em relação aos reformistas, mas também alguns que mantêm conexões políticas com o aiatolá Mohammad Taqi Mesbah-Yazdi, que se pronunciou contra a democracia.
Mesbah-Yazdi e um grupo de seus partidários estavam disputando postos contra Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, ex-presidente do país e político de postura pragmática, na esperança de conquistar o controle da Assembléia, o que se tornou menos provável, agora.
Nas eleições municipais de Teerã, uma chapa associada a Ahmadinejad cujo nome se traduz por algo como "Bom Aroma do Serviço" disputa o controle contra radicais que foram marginalizados por Ahmadinejad, e contra reformistas que tentam se recuperar das três derrotas que sofreram nos últimos três anos. Os membros da chapa aliada ao presidente conclamaram seus partidários a votar em candidatos alinhados com Mesbah-Yazdi nas eleições para a Assembléia de Especialistas. O grupo é comandado por Merhad Bazrpash, ex-líder da milícia Basij.
Analistas dizem que o grupo tem chance de vitória caso o comparecimento às urnas seja baixo. Nas últimas eleições municipais em Teerã, realizadas em 2003, apenas 12% dos eleitores votaram, já que as pessoas que haviam apoiado os reformistas no pleito anterior decidiram ficar em casa. O baixo comparecimento permitiu a vitória dos radicais, que apontaram Ahmadinejad, então uma figura desconhecida na política iraniana, como prefeito da capital, e a seguir o indicaram como candidato à presidência.
Os reformistas estão apelando a seus partidários para que compareçam às urnas, em um esforço para ao menos desacelerar as propostas radicais de Ahmadinejad. O entusiasmo parece estar crescendo, à medida que os reformistas intensificam sua campanha nas universidades e pela cidade.
O outro grupo importante que está fazendo campanha contra os aliados do presidente em Teerã é uma aliança radical que apóia o atual prefeito, Mohammad Baqer Qalibaf, que também disputou a eleição presidencial do ano passado como adversário de Ahmadinejad.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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