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Eleições municipais são teste para presidente do Irã
Assembléia dos Especialistas também será eleita; baixo comparecimento às urnas pode determinar nova derrota dos reformistas
NAZILA FATHI
DO "NEW YORK TIMES", EM TEERÃ
Os iranianos irão às urnas
hoje em eleições que devem
servir como teste para determinar se o presidente Mahmoud
Ahmadinejad continua a desfrutar do mesmo apoio popular
que o levou a conquistar a Presidência 18 meses atrás.
O pleito elegerá representantes para os legislativos municipais em todo o país e para a Assembléia dos Especialistas, de
86 membros. A Assembléia tem
o poder de substituir o líder supremo do país, mas, desde que
selecionou o aiatolá Ali Khamenei para o posto, em 1989, só
se reúne, a portas fechadas,
duas vezes por ano.
Os conselhos municipais, por
outro lado, exercem substancial influência política, especialmente na capital, Teerã. Os
conselhos são responsáveis por
indicar os prefeitos.
O Conselho de Guardiões,
cuja tarefa é fiscalizar os pedidos de registro para candidaturas eleitorais, rejeitou 240 dos
490 candidatos que se apresentaram inicialmente para postos
na Assembléia dos Especialistas. Outros candidatos optaram
por abandonar a disputa, e restaram apenas por volta de 140
pessoas na corrida pelos 86 assentos, em uma eleição organizada em formato distrital. Em
alguns distritos, apenas um
candidato disputa o posto.
O Conselho rejeitou candidatos que adotavam posição tolerante em relação aos reformistas, mas também alguns que
mantêm conexões políticas
com o aiatolá Mohammad Taqi
Mesbah-Yazdi, que se pronunciou contra a democracia.
Mesbah-Yazdi e um grupo de
seus partidários estavam disputando postos contra Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, ex-presidente do país e político de
postura pragmática, na esperança de conquistar o controle
da Assembléia, o que se tornou
menos provável, agora.
Nas eleições municipais de
Teerã, uma chapa associada a
Ahmadinejad cujo nome se traduz por algo como "Bom Aroma do Serviço" disputa o controle contra radicais que foram
marginalizados por Ahmadinejad, e contra reformistas que
tentam se recuperar das três
derrotas que sofreram nos últimos três anos.
Os membros da chapa aliada
ao presidente conclamaram
seus partidários a votar em
candidatos alinhados com
Mesbah-Yazdi nas eleições para a Assembléia de Especialistas. O grupo é comandado por
Merhad Bazrpash, ex-líder da
milícia Basij.
Analistas dizem que o grupo
tem chance de vitória caso o
comparecimento às urnas seja
baixo. Nas últimas eleições municipais em Teerã, realizadas
em 2003, apenas 12% dos eleitores votaram, já que as pessoas
que haviam apoiado os reformistas no pleito anterior decidiram ficar em casa. O baixo
comparecimento permitiu a vitória dos radicais, que apontaram Ahmadinejad, então uma
figura desconhecida na política
iraniana, como prefeito da capital, e a seguir o indicaram como candidato à presidência.
Os reformistas estão apelando a seus partidários para que
compareçam às urnas, em um
esforço para ao menos desacelerar as propostas radicais de
Ahmadinejad. O entusiasmo
parece estar crescendo, à medida que os reformistas intensificam sua campanha nas universidades e pela cidade.
O outro grupo importante
que está fazendo campanha
contra os aliados do presidente
em Teerã é uma aliança radical
que apóia o atual prefeito, Mohammad Baqer Qalibaf, que
também disputou a eleição presidencial do ano passado como
adversário de Ahmadinejad.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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