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Duhalde volta a falar
em "banho de sangue"
DE BUENOS AIRES E
DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES
O presidente Eduardo Duhalde
voltou a afirmar ontem pela manhã que a Argentina ""está próxima de um banho de sangue" e que
há uma bomba social.
""Milhões de pessoas foram
agregadas aos contingentes de
pobres em nosso país. Para além
da vertiginosa transição de pessoas de classe média para pobres,
existe um contingente de excluídos que, neste momento de crise,
vê aqueles que estão incluídos como oponentes", disse ele.
""Na Argentina, por causa da depressão econômica, nos sentimos
em um pântano em que não sabemos se já tocamos o fundo", afirmou o presidente argentino em
uma entrevista coletiva para correspondentes estrangeiros.
Duhalde disse ter certeza de que
o FMI (Fundo Monetário Internacional) apoiará financeiramente seu governo. ""Um governo,
quando começa a trabalhar, supõe que terá ajuda dos organismos dos quais é sócio. Contamos
com a ajuda. Todos sabem que a
situação da Argentina é difícil."
Criticou, como fizera no final de
semana, governos que o antecederam ""por procurarem os organismos internacionais em busca
de socorro financeiro sem terem
um plano econômico sustentável". ""Iremos aos organismos internacionais com projetos definidos sobre o que queremos fazer."
O presidente afirmou que não
dá para ter um plano completo
depois de apenas uma semana de
assumir o comando de um país
com uma crise tão grave.
Duhalde não perdeu a oportunidade para responder ao ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), que tem criticado seu governo reiteradas vezes.
Menem "deveria guardar um
respeitoso silêncio, porque a Argentina está em pranto e luto. Será
a história que pontuará as cotas
de responsabilidade de cada um
[pela atual crise". Mas é indiscutível que uma grande porcentagem
corresponde a seu governo."
O presidente argentino declarou que ainda nesta semana serão
conhecidos os rumos para a economia do país. Ele afirmou que o
governo fará o possível para evitar
que o sistema financeiro quebre.
No fim de semana, o presidente
disse que alguns bancos podem
quebrar, como é comum em crises da magnitude da que assola a
Argentina. "O governo não está
defendendo instituições financeiras e sim as economias dos argentinos que estão nos bancos."
O presidente voltou a classificar
o "curralzinho" (o bloqueio das
contas bancárias) como uma
"bomba relógio" que, se explodir,
não permitirá que ninguém receba os recursos depositados nos
bancos. Por enquanto, não seria
possível acabar com o "curralzinho", segundo o presidente, pois
os bancos não têm dinheiro para
devolver o que foi depositado.
Duhalde, que afirmou no fim de
semana que os panelaços "são absolutamente legítimos", contou
que uma de suas filhas participou
de um. Questionado se foi contra
seu governo, o presidente desconversou. "Os jovens, quando vêem
um protesto que quer mudar uma
situação, se animam."
(FV E JAD)
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