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AMÉRICA LATINA EM CRISE
AMÉRICA DO SUL
Queda do petróleo afeta a saúde do país
Venezuela enfrenta crise com aumento de impostos e de juros
DA REDAÇÃO
A crise argentina é a mais evidente e dramática do continente,
mas outros países latino-americanos também enfrentam a deterioração de sua saúde econômica. É
o caso da Venezuela.
A moeda do país, o bolívar, sofre um ataque especulativo desde
o mês passado. No ano passado,
ela se desvalorizou 7%. O Banco
Central, que adota bandas cambiais, foi obrigado a queimar reservas e elevar os juros para conter a alta do dólar. Ontem, as taxas
foram de 37% para 38,5% ao ano,
depois de terem subido duas vezes em dezembro (de 34% para
35% e, depois, de para 35,5%).
O presidente Hugo Chávez, cuja
popularidade desabou de 99 para
cá, foi ao Congresso ontem anunciar medidas impopulares, como
a volta da cobrança de uma taxa
sobre as transações financeiras.
Há duas razões para a crise. Primeiro, a queda no preço do petróleo, principal combustível da economia venezuelana. Depois a instabilidade política. Some-se a isso
uma moeda que, segundo analistas, estaria sobrevalorizada.
A indústria petrolífera como
um todo controla 80% da economia do país. O problema é que a
queda na demanda, por causa da
retração da economia global, derrubou a cotação do barril para
menos de US$ 20, ante picos de
US$ 35 em 2000.
De acordo com o Ministério das
Finanças, o comércio internacional de petróleo e derivados renderá neste ano US$ 8 bilhões. Isso
representaria um redução de cerca de 40% em relação aos US$ 13
bilhões de 2001.
O fator político
Chávez tomou posse em fevereiro de 1999 com 90% de apoio
popular. No final de 2001, a aprovação não chegava a 30%, e mais
da metade dos entrevistados de
uma sondagem opinou que o presidente deveria deixar o cargo.
O presidente venezuelano, de
tendência socialista, nunca contou com o apoio dos empresários
-que chegaram a convocar um
locaute, no mês passado, contra o
aumento de impostos e a desapropriação de terras. Mas agora
são os mais pobres que começam
a se opor ao governo.
Mais da metade os venezuelanos trabalha na informalidade. A
taxa de desemprego, que está em
15,4%, deverá atingir 17%, segundo estudo do instituto Datanálisis. O país deverá crescer 1,3%
neste ano, metade do que se estimava em meados do ano passado.
Numa tentativa de combater a
crise e reduzir o impacto da perda
de receita com o petróleo (responsável por metade da arrecadação do governo), Chávez anunciou ontem um projeto de elevação de impostos.
Será cobrada, por um ano, uma
taxa de 0,75% sobre as transações
bancárias. O imposto sobre valor
agregado deverá ser reformulado
e o governo estuda ainda a cobrança de uma sobretaxa de 10%
sobre artigos de luxo.
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