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SAIBA MAIS
FMI veta adoção de sistema de câmbio duplo
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O sistema de câmbio duplo
adotado pela Argentina vai diretamente contra o receituário
imposto pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) aos seus
países-membros. Para se associar ao Fundo, um país é obrigado a assinar um documento
que proíbe, explicitamente, a
adoção de sistemas de câmbio
múltiplo.
Esse assunto é tratado pelos
"Artigos de Acordo do Fundo
Monetário Internacional". As
seções dois, três e quatro do artigo 8º, que estabelece as obrigações dos membros, dizem
que os países devem evitar
qualquer forma de controle
cambial.
A seção três trata dos sistemas cambiais. "Nenhum membro deve se comprometer com
(...) qualquer forma de acordos
cambiais discriminatórios ou
práticas de câmbio múltiplo",
diz o documento.
Isso explica por que o FMI
tem sido tão resistente em fechar um novo acordo com o
governo argentino.
Segundo as regras do Fundo,
a Argentina, como país-membro, estaria descumprindo as
obrigações que assumiu quando se associou à instituição.
Apenas uma autorização formal do Fundo permite que um
país desobedeça as suas regras.
O sistema de câmbio duplo
adotado pelo governo argentino é considerado pelo FMI
uma forma indireta de controle
sobre o livre fluxo de capitais.
Isso porque esse regime estabelece uma taxa de câmbio que
privilegia certos setores e desfavorece outros.
Além disso, o sistema de
câmbio duplo é visto como
uma forma de evitar que a
moeda nacional se desvalorize
fortemente sob o efeito de especulação.
De forma geral, o Fundo diz
que controles de capitais, como
sistemas cambiais múltiplos,
não substituem políticas macroeconômicas sólidas.
Documentos preparados por
economistas do FMI afirmam
ainda que nem sempre controles de capital protegem os países de crises de balanço de pagamentos ou de sérios colapsos
financeiros.
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