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Lula dá apoio à Carta de Morales
Na Bolívia, brasileiro diz que nova Constituição, que vai a referendo no dia 25, reduzirá desigualdades
Lula comparou Morales a Mandela em inauguração de trechos de rodovia, parte do projeto para ligar Brasil a Chile, passando pela Bolívia
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARROYO
CONCEPCIÓN
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o
presidente boliviano Evo Morales é o "maior exemplo" das
transformações nos últimos
anos na América Latina e que
sua chegada à Presidência tem
significado semelhante à eleição do líder negro sul-africano
Nelson Mandela.
Às vésperas do referendo sobre a nova Constituição da Bolívia, no dia 25, Lula deu enfático apoio ao projeto, a principal
bandeira política de Morales:
"Ao propor o referendo, antecipar as suas eleições e garantir
apenas uma reeleição, [Morales] está dando um exemplo democrático que muita gente que
governou este país não deu".
O brasileiro discursou ao lado de Morales no distrito de Arroyo Concepción, no lado boliviano da fronteira, em solenidade de inauguração de dois
trechos rodoviários que fazem
parte do Corredor Interoceânico, projeto que liga o Brasil a
portos do Chile, no Pacífico,
passando pela Bolívia. O evento
foi acompanhado por cerca de
200 moradores da região.
A Constituição boliviana
chega a referendo após um
acordo entre governo e parte da
oposição no Congresso modificar mais de cem artigos no texto e rejeitada por governadores
de três departamentos. Pelo
acordo, Morales prometeu desistir de concorrer a dois novos
mandatos após a provável
aprovação da nova Carta, que
estabelece a reeleição (por só
um período). Assim, só poderá
disputar a eleição prevista para
dezembro de 2009.
Segundo Lula, o referendo é
um "passo decisivo" para a "refundação democrática" da Bolívia, para "reduzir desigualdades e valorizar a diversidade".
"Acompanhamos este processo
com atenção e admiração", disse, e aconselhou Morales. "Não
governo no Brasil só para os pobres. Eles são minha prioridade, mas eu governo para todos."
Lula comparou Morales a
Mandela: "Aconteceu aqui o
que aconteceu na África do Sul,
no fim do apartheid. Mandela
ficou preso 27 anos. Um belo
dia, os negros se deram conta
de que, na democracia, prevalece a vontade da maioria. E
Mandela mudou a história".
"Tem muita gente que ainda
não digeriu um índio presidente, mas eu levei quatro anos para que as pessoas pudessem digerir um metalúrgico", disse o
brasileiro, que se reúne hoje
com o presidente venezuelano,
Hugo Chávez.
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