São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Lula dá apoio à Carta de Morales

Na Bolívia, brasileiro diz que nova Constituição, que vai a referendo no dia 25, reduzirá desigualdades

Lula comparou Morales a Mandela em inauguração de trechos de rodovia, parte do projeto para ligar Brasil a Chile, passando pela Bolívia

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARROYO CONCEPCIÓN

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o presidente boliviano Evo Morales é o "maior exemplo" das transformações nos últimos anos na América Latina e que sua chegada à Presidência tem significado semelhante à eleição do líder negro sul-africano Nelson Mandela.
Às vésperas do referendo sobre a nova Constituição da Bolívia, no dia 25, Lula deu enfático apoio ao projeto, a principal bandeira política de Morales: "Ao propor o referendo, antecipar as suas eleições e garantir apenas uma reeleição, [Morales] está dando um exemplo democrático que muita gente que governou este país não deu".
O brasileiro discursou ao lado de Morales no distrito de Arroyo Concepción, no lado boliviano da fronteira, em solenidade de inauguração de dois trechos rodoviários que fazem parte do Corredor Interoceânico, projeto que liga o Brasil a portos do Chile, no Pacífico, passando pela Bolívia. O evento foi acompanhado por cerca de 200 moradores da região.
A Constituição boliviana chega a referendo após um acordo entre governo e parte da oposição no Congresso modificar mais de cem artigos no texto e rejeitada por governadores de três departamentos. Pelo acordo, Morales prometeu desistir de concorrer a dois novos mandatos após a provável aprovação da nova Carta, que estabelece a reeleição (por só um período). Assim, só poderá disputar a eleição prevista para dezembro de 2009.
Segundo Lula, o referendo é um "passo decisivo" para a "refundação democrática" da Bolívia, para "reduzir desigualdades e valorizar a diversidade". "Acompanhamos este processo com atenção e admiração", disse, e aconselhou Morales. "Não governo no Brasil só para os pobres. Eles são minha prioridade, mas eu governo para todos."
Lula comparou Morales a Mandela: "Aconteceu aqui o que aconteceu na África do Sul, no fim do apartheid. Mandela ficou preso 27 anos. Um belo dia, os negros se deram conta de que, na democracia, prevalece a vontade da maioria. E Mandela mudou a história". "Tem muita gente que ainda não digeriu um índio presidente, mas eu levei quatro anos para que as pessoas pudessem digerir um metalúrgico", disse o brasileiro, que se reúne hoje com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.


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