CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

Fortalecido por 14 vitórias nas 16 prévias do Partido Democrata já realizadas, o pré-candidato John Kerry, 60, tornou-se alvo de ataques contra sua vida pessoal e sua carreira política mesmo antes de ter a nomeação assegurada.
Na semana passada, um esboço de escândalo surgiu com a revelação de um suposto envolvimento do senador de Massachusetts em uma relação extraconjugal.
O site Drudge Report, que ficou famoso por divulgar o relacionamento entre o ex-presidente Bill Clinton e Monica Lewinsky, foi o primeiro a divulgar a história.
O assunto foi a capa dos tablóides nova-iorquinos "Daily News" e "New York Post" no final de semana e foi discutido, ainda que de modo discreto, nos principais telejornais das redes de televisão dos Estados Unidos.
Ontem, a edição do site www.telegraph.co.uk, que pertence ao grupo que edita o jornal britânico "Daily Telegraph", trouxe uma reportagem com mais detalhes do caso. De acordo com o texto, Kerry teria conhecido a jornalista americana Alex Polier, 24, no início da sua carreira, em 2001. Os dois começaram, então, um relacionamento que durou dois anos.
"Eu penso que ele é um sujo", disse Terry Polier, pai da jornalista, ao jornal eletrônico. "Ele não é o tipo de homem que eu escolheria para estar com a minha filha", completou.
Segundo a reportagem, a jornalista atualmente mora no Quênia e se recusa a fazer comentários sobre seu passado com Kerry.
Em entrevista a um programa de rádio na sexta-feira passada, o senador de Massachusetts negou o caso. "Não há nada para relatar. Não há nada para dizer sobre isso. Não estou preocupado", declarou. "Vão tentar fazer de tudo para mudar o tema [da campanha]. Mas eles terão uma surpresa. Sou um lutador e vou contra-atacar", ameaçou.
O site oficial da campanha pela reeleição de George W. Bush (www.georgebush.com) lançou uma forte ofensiva contra Kerry. Um vídeo de aproximadamente um minuto de duração afirma que o pré-candidato democrata já recebeu US$ 640 mil de lobistas e de grandes corporações ao longo da sua carreira política. O golpe desferido pelos republicanos fere a retórica da campanha contra a associação a "interesses especiais" adotada por Kerry.
No sábado, o senador democrata rebateu os ataques. Num vídeo no seu site da campanha (www.johnkerry.com), um locutor divulga uma lista de doações e contribuições milionárias recebidas por Bush. No final, aparece a voz de Kerry: "Eu sou John Kerry e aprovei essa mensagem, pois, juntos, podemos derrotar George W. Bush e os seus poderosos interesses especiais".



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