São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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Sem acordo, Assembléia é aberta

DA REDAÇÃO

Apesar de não terem fechado acordo para formar um governo de coalizão, líderes da Aliança Iraquiana Unida, agrupamento xiita que alcançou o primeiro lugar nas eleições, e líderes da coalizão curda, que ficou em segundo lugar, concordaram em se reunir hoje no primeiro dia da Assembléia Nacional transitória, que deve eleger o presidente, dois vices e preparar a Constituição do Iraque.
Autoridades xiitas afirmaram ontem que não conseguiram chegar a acordo com curdos e com os sunitas, que boicotaram as eleições. Curdos e xiitas não se entendem sobre como dividir os postos-chave e sobre o desejo curdo de ter maior controle da região norte e sobre a cidade de Kirkuk, rica em petróleo.
Um político curdo disse que sua coalizão concordou em lidar com a questão de Kirkuk de acordo com a Constituição interina, que afirma que disputas sobre terras devem esperar até que uma nova Constituição seja escrita e que um censo seja feito para determinar a mistura étnica da cidade.
Como a paralisia política ainda dá o tom no Iraque, a primeira sessão da Assembléia pode tornar-se meramente cerimonial. Ela será televisionada ao vivo.
Um impasse político prolongado poderá favorecer o premiê interino, Iyad Allawi, que ficará no poder até que um novo governo seja formado.
As negociações com os sunitas trataram da nomeação do presidente da Assembléia. Não ficou claro se eles apresentariam hoje um candidato. "Queremos que os sunitas nomeiem pessoas para o posto, mas eles não o fizeram até agora", disse o membro da aliança xiita Ali al Dabag. A aliança indicou o xeque Fawaz al Jarba, um dos poucos sunitas na coalizão, mas não ficou claro se a indicação seria aceita pelos sunitas.
A aliança xiita e a lista curda haviam concordado em formar um governo de coalizão com o líder do partido Dawa, Ibrahim al Jaafari, como premiê. Como contrapartida, Jalal Talabani se tornaria o primeiro presidente curdo do Iraque. Em Kirkuk, o nome não foi bem aceito. "O Iraque é um país árabe, e seu presidente deve ser árabe", afirmou Wasfi al Assi, secretário-geral da Frente Árabe em Kirkuk.
Al Dabagh afirmou que um acordo definitivo entre curdos e xiitas seria firmado logo e que a primeira sessão da Assembléia aconteceria de qualquer maneira. Segundo ele, representantes das listas se encontrariam após a posse dos deputados para acertar os detalhes. "Precisamos de dois ou três dias para anunciar o acordo".
Autoridades iraquianas aumentaram a segurança em torno da Zona Verde, em Bagdá, onde o Parlamento deve se reunir. Duas pontes que dão acesso à região foram fechadas. O departamento de imprensa das forças de coalizão divulgou declaração em nome do Parlamento dizendo que seus 275 membros tomarão posse hoje.

Ataques
O sargento italiano Salvatore Marracino morreu ontem no Iraque após ser atingido na cabeça por uma bala de sua própria arma durante treinamento.
O general iraquiano Ismail Swayed al Obeidi foi morto por disparos de um posto de controle dos EUA em Bagdadi, segundo um capitão da polícia local. Ele ia para casa sozinho após o toque de recolher quando foi alvejado.
No norte do Iraque, insurgentes explodiram um oleoduto que liga os campos petrolíferos de Kirkuk com uma refinaria em Baiji.
Um carro-bomba explodiu perto da principal avenida que leva ao aeroporto de Bagdá. Quatro civis morreram. Quando as forças dos EUA chegaram ao local, um segundo carro-bomba explodiu. Um comunicado de militares dos EUA disse que um soldado foi morto em Bagdá na mesma hora.
Outro carro-bomba explodiu a noroeste de Bagdá, matando uma criança. Um marine americano morreu anteontem na Província de Anbar. Autoridades em Najaf prenderam um suspeito de estar envolvido no assassinato do aiatolá Mohammed Baqir al Hakim, líder xiita, em 2003.
Em Mossul, um cinegrafista curdo do canal KurdSat foi morto. A Al Qaeda no Iraque afirmou na internet ter feito ataques em uma estrada em Bagdá.
Segundo o o general Richard Myers, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, a insurgência é cada vez mais abastecida pelo crime organizado e por criminosos mercenários e deve aumentar com o começo das atividades da Assembléia.


Com agências internacionais

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