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BOLÍVIA
Presidente, cujo mandato se encerraria em 2007, também retira projeto de lei dos hidrocarbonetos, que dividia o país
Mesa pede antecipação de pleito para agosto
DA REDAÇÃO
O presidente da Bolívia, Carlos
Mesa, propôs ontem à noite antecipar as eleições gerais bolivianas
para 28 de agosto de 2005, devido
à grave crise política e social por
que passa o país.
Na declaração, dada em rede
nacional, o presidente acrescenta
que, em alguns dias, a Bolívia ficará ingovernável se nada for feito.
O projeto de lei com a proposta
de Mesa será entregue hoje ao
Congresso, disse o presidente. A
eleição estava marcada para junho de 2007 -o mandato terminaria em agosto do mesmo ano.
Há dez dias, Mesa apresentou
sua renúncia ao Congresso, que
decidiu ratificá-lo no cargo em
votação na semana passada. O
presidente anunciou ainda que o
governo vai retirar o polêmico
projeto de lei dos hidrocarbonetos, que tem provocado enormes
divisões em todo o país.
O presidente não disse se pretende concorrer ou não na disputa presidencial. Porém especialistas afirmam que ele está impedido
de participar, segundo as leis eleitorais da Bolívia.
"Eu fiz tudo, absolutamente tudo o que está em minhas mãos
para que, por amor à Bolívia, saíamos desse caminho rumo ao desfiladeiro", disse Mesa, em referência às greves, bloqueio de estradas
e a impossibilidade de aprovar na
Câmara dos Deputados a lei dos
hidrocarbonetos.
A proposta de eleição "tenta
buscar uma saída que evite a violência, uma saída que evite a destruição, que evite o suicídio coletivo inaceitável para um país que
luta todos os dias pela construção
de uma sociedade melhor", acrescentou o presidente.
Mesa propõe a eleição do presidente, do vice e dos 157 membros
do Congresso bicameral, no momento em que a sua popularidade
supera os 60% , segundo ele próprio disse.
A antecipação das eleições implica ainda estabelecer uma nova
relação de forças dentro do Parlamento que garanta uma maior
governabilidade ao futuro governo. Mesa está na Presidência da
Bolívia desde outubro de 2003,
quando assumiu o cargo no lugar
de Gonzalo Sánchez de Lozada,
que foi obrigado a renunciar após
um violento levante popular.
"Vamos impedir o suicídio coletivo", afirmou. "Se não levarmos adiante um processo dessa
natureza, em alguns dias este país
ficará ingovernável.
Mesa disse que tomou a decisão
de pedir a antecipação das eleições após fracassar na tentativa de
convencer o líder cocaleiro e opositor Evo Morales a suspender os
bloqueios de ruas e, além disso,
depois de o Congresso não conseguir aprovar a lei dos hidrocarbonetos.
Morales, um parlamentar indígena de esquerda, comanda uma
série de bloqueios de estrada para
exigir que o governo obrigue as
companhias petrolíferas a pagarem 50% em royalties para a Bolívia. Mesa rejeitou a exigência, dizendo que isso viola os contratos
com as companhias e prejudica os
investimentos externos na economia boliviana.
Os bloqueios, que se intensificaram nas últimas semanas, provocaram escassez de alimentos nas
maiores cidades e redução nos investimentos na Bolívia, causando
prejuízos de milhões de dólares
por dia.
Exportadores do leste, considerada a região mais rica do país,
não têm conseguido transportar
suas produções para portos chilenos e peruanos no Pacífico. Cerca
de 1.500 caminhões estavam parados em estradas ontem.
Com agências internacionais
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