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NUCLEAR
Bush contorna tratado para pressionar o Irã
DAVID SANGER
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
Por trás da recente guinada do
presidente George W. Bush com
relação ao programa nuclear iraniano, está um objetivo menos visível: reescrever, na prática, o
principal tratado sobre proliferação de tecnologia nuclear, sem,
porém, precisar renegociá-lo.
Em declarações públicas e confidenciais nos últimos dias, assessores de Bush aceitam o fato de o
Irã ter o direito formal de enriquecer urânio para a produção de
energia elétrica.
Mas a Casa Branca conseguiu
convencer seus relutantes aliados
europeus de que os iranianos deveriam abrir mão desse direito.
Trata-se de uma reinterpretação do TNP (Tratado de Não-Proliferação), pela qual o presidente
americano decidiu que há países
que não são confiáveis para dispor da tecnologia de produção de
combustíveis, por mais que o tratado não diga isso.
Até agora a Casa Branca não declarou publicamente que seu objetivo é reescrever o tratado. Um
dos auxiliares de Bush disse que,
caso mencionasse o Irã, o governo complicaria mais a questão.
Três dias antes que a Casa Branca anunciasse sua nova política
para o Irã -com a adesão ao
princípio europeu de que aquele
país receberia recompensas econômicas-, Bush fez uma declaração que deixou poucas dúvidas
quanto a seus objetivos.
A declaração foi publicada como uma rotineira evocação dos
35 anos do TNP. O Irã não é mencionado. Mas Bush disse não poder permitir "que Estados delinqüentes que violam suas promessas e desafiam a comunidade internacional possam prejudicar o
papel do tratado em seu reforço
da segurança internacional".
E Bush prosseguiu: "Devemos,
portanto, calafetar as fendas que
permitem a Estados a produção
de material nuclear para a produção da bomba, debaixo do pretexto de programas nucleares civis".
No último domingo, o novo
conselheiro de Segurança Nacional, Stephen Hadley, disse na
CNN ter novas evidências de um
projeto sigiloso do Irã para construir a bomba. Os inspetores da
ONU também desconfiam disso.
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