São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Sírios desmontam escritórios em Beirute

Bush pede que Hizbollah se desarme como prova de que não é terrorista

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que o grupo extremista islâmico libanês Hizbollah deveria provar que não é uma organização terrorista se desarmando e trabalhando pela paz.
Em Beirute, membros das forças de inteligência síria começaram a desmontar seus escritórios na cidade e também em Trípoli, no norte do país.
A medida faz parte da retirada das tropas sírias do Líbano e ocorre um dia depois da manifestação da oposição anti-Síria, considerada a maior de toda a história do país ao reunir até 1 milhão de pessoas nas ruas da capital libanesa.
"Nós enxergamos o Hizbollah como uma organização terrorista", disse Bush após se reunir com o rei Abdullah, da Jordânia, na Casa Branca. "Eu tenho a esperança de que o Hizbollah prove que não é entregando as armas, e não ameaçando a paz."
O Hizbollah é um partido político no Líbano, participando da vida política há dez anos. Possui nove representantes no Parlamento, que conta com 128 membros, mas não ocupa cargos executivos.
No mundo árabe, o Hizbollah é respeitado por ser uma resistência vitoriosa contra a ocupação israelense. Para os árabes, a organização conseguiu obrigar Israel a se retirar do sul do Líbano em 2000 -os israelenses dizem que saíram por questões estratégicas.
"Uma de nossas preocupações, que eu e sua majestade [rei Abdullah] discutimos, é que talvez o Hizbollah tente minar o processo de paz entre israelenses e palestinos", disse o presidente americano. Segundo Bush, "o Hizbollah foi declarado uma organização terrorista por causa de seus atos no passado".
Os EUA começaram a alterar o seu discurso contra o Hizbollah após verem o impacto da manifestação do grupo na semana passada, quando mais de 500 mil pessoas participaram de ato pró-Síria em Beirute a convite da organização de maioria xiita.
O Hizbollah afirma que não pretende se desarmar enquanto o conflito de Israel com o mundo árabe não estiver resolvido. Desde a retirada, o grupo tem realizado ataques esporádicos contra o território israelense, sem grandes conseqüências. Israel vem revidando na mesma dose.
Porém o governo israelense acusa o grupo -que é apoiado pelo Irã e pela Síria- de dar suporte para os grupos terroristas palestinos cometerem atentados contra israelenses.

Manifestação
Enquanto os agentes sírios desocupavam seus escritórios, cerca de 2.000 manifestantes se reuniram diante da Embaixada dos EUA em Beirute para protestar "contra a ingerência americana na política libanesa".
Por enquanto, cerca de 4.000 militares sírios dos 14 mil que estavam no Líbano já atravessaram a fronteira de volta para a Síria.


Com agências internacionais

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