São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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DEPOIMENTO

"Alarme nos deu 5 segundos para desligar o gás e esperar o tremor"

DOS ENVIADOS AO JAPÃO

O estudante brasileiro Pedro Duarte estava em Sendai quando ocorreu o terremoto da última sexta-feira. Já em Tóquio, ele fez este relato sobre a experiência. (FM E RM)

"Meu nome é Pedro Burjack Farias Duarte, 27, sou de Goiânia (GO) e estava em Sendai desde abril de 2008 para fazer o meu curso de mestrado em ciência da informação. Defendi a minha dissertação em fevereiro.
Sendai oferece uma excelente qualidade de vida, tem um custo de vida menor do que o de Tóquio e uma paisagem deslumbrante.
Matsushima [arquipélago de pequenas ilhas], nos arredores de Sendai, é considerada um dos cartões-postais do Japão. Tem aproximadamente 1 milhão de habitantes e uma universidade reconhecida nacionalmente e internacionalmente, chamada Universidade de Tohoku.
Quando ocorreu o terremoto, eu estava na universidade. O prédio é bem seguro e tem alarme para prever grandes tremores com cinco segundos de antecedência.
Assim, pudemos desligar o gás para evitar explosões e entrar embaixo da mesa para evitar que objetos nos atingissem. Quando o terremoto terminou, os estudantes seguiram o procedimento para sair do prédio e ir à área aberta até as réplicas pararem.
Assim que cheguei em casa, vi que o meu prédio estava sem problemas, mas o meu apartamento estava totalmente desorganizado: copos, pratos e micro-ondas no chão, bloqueando o acesso da cozinha para o quarto.
Após reunir objetos importantes, como passaporte, saco de dormir e roupa de frio, fui para o abrigo mais próximo de minha casa. Passei a noite nesse abrigo, junto com estrangeiros e japonesas.
No dia seguinte, comprei comida em lojas de verdura para me manter no abrigo e me comunicava com o Brasil pelo iPhone de um amigo.

REENCONTRO
Vinte e quatro horas depois do terremoto encontrei a minha namorada, que estava num ônibus a caminho de Sendai para me visitar durante o fim de semana. Como ela já viveu em Sendai também, sabia qual era o abrigo mais perto de minha casa.
A principal dificuldade até sábado eram longas filas para comprar comida e água. A temperatura subiu no sábado, e o clima ficou mais agradável. Importante dizer que os mercados não subiram o preço de produtos e também não houve nenhum saque por parte da população. Tudo seguia muito organizado.
Durante a noite de sábado, quando tomamos conhecimento do problema com a usina nuclear de Fukushima, decidimos sair de Sendai. Em cinco pessoas, pegamos um táxi e saímos de Sendai até Yamagata-shi. O percurso custou 26 mil ienes (R$ 528).
Alugamos um carro para viajar a Tóquio por Niigata e evitar passar por Fukushima, que seria o caminho normal.
Durante a viagem, não havia pânico nem grandes engarrafamentos. Apenas num pequeno trecho houve engarrafamento, mas usamos o GPS para desviar da via.
Agora estamos em Tóquio, preparados em caso de alguma emergência, mas por enquanto minha namorada e eu decidimos ficar por aqui."


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