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"RE-REELEIÇÃO"
Menem
manobra por
3º mandato
LÉO GERCHMANN
de Buenos Aires
A Argentina vive um momento
de expectativa política em que se
desenham vários quadros possíveis e, em consonância com eles,
uma estratégia considerada chave
pelo presidente Carlos Menem: a
transformação da sua segunda
reeleição, aquilo que os argentinos
chamam de "re-reeleição", no fato
eleitoral do momento.
Aliás, a intenção de Menem é
manter esse fato nas capas dos jornais argentinos o máximo de tempo possível.
O objetivo é inconfessável publicamente: de todos os cenários, o
menos desejado pelo presidente é
se ver sucedido pelo governador
de Buenos Aires, Eduardo Duhalde, também peronista (Partido
Justicialista).
Menem aceita até a possibilidade
de ver a aliança oposicionista
UCR-Frepaso ganhar as eleições
em 1999. O importante é se manter
como protagonista, seja na Presidência, na influência sobre um
"menemista" ou na liderança da
oposição.
Essas três possibilidades são avaliadas com cuidado. A "re-reeleição" depende de uma manobra jurídica arriscada, já que o Congresso não lhe daria respaldo (o PJ perdeu maioria nas eleições legislativas de outubro).
A vitória da oposição é um remédio amargo, mas digerível. A eleição de Duhalde significaria a
transferência da liderança peronista e a impossibilidade de voltar
à Presidência em 2003.
Para não deixar com Duhalde a
imagem de "candidato natural",
Menem já cogitou o nome do seu
irmão, o senador Eduardo Menem, na formação de uma verdadeira dinastia. Outra opção, mais
plausível, é o ex-cantor popular
Ramón "Palito" Ortega, "menemista" de carteirinha e pré-candidato assumido.
Num primeiro momento, a insistência na "re-reeleição" era uma
forma de manter o PJ unido. Menem, porém, entusiasmou-se com
a idéia.
Seus colaboradores dizem que,
depois de perder o filho "Carlito"
em 1995 numa situação nebulosa
(não se sabe se o seu helicóptero
caiu ou foi derrubado) e de se separar da mulher, Zulema Yoma, a
política se tornou a razão única da
sua vida, uma obsessão.
Fujimori
O entusiasmo aumentou ainda
mais com o crescimento de 8,4%
registrado no PIB (Produto Interno Bruto) e com uma novidade internacional que causou euforia
contida no poder argentino: o fato
de o presidente peruano, Alberto
Fujimori, ter conseguido concorrer pela terceira vez seguida, sob a
alegação de que o primeiro mandato não seria levado em consideração para efeitos de reeleição.
Essa estratégia jurídica é considerada por assessores do presidente. O problema é de imagem.
Menem estaria seguindo os passos
de Fujimori, com sua aura de golpista, e isso não lhe parece interessante. A solução seria ao mesmo
tempo conseguir respaldo popular
num plebiscito, a ser realizado em
outubro.
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