UOL


São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAPTURA

Palestino Abu Abbas, detido em Bagdá, era procurado pelo sequestro de navio italiano em 85

EUA anunciam prisão de terrorista

DA REDAÇÃO

O terrorista palestino Abu Abbas, líder da Frente de Libertação da Palestina (FLP) e idealizador do sequestro de um navio italiano em 1985, foi capturado anteontem por forças especiais dos EUA ao sul do Bagdá, segundo nota oficial do Comando Central dos EUA.
A captura "remove uma porção da rede terrorista apoiada pelo Iraque e representa mais uma vitória na guerra global contra o terrorismo", diz o comunicado.
Segundo a agência France Presse, os marines teriam descoberto um campo de treinamento de uma facção da FLP. De acordo com a Associated Press, colaboradores de Abbas também teriam sido detidos e armas e documentos teriam sido apreendidos.
Abbas, cujo nome verdadeiro é Mohammed Abbas, planejou o sequestro do navio Achille Lauro, com cerca de 400 pessoas a bordo, perto da costa do Egito, no Mediterrâneo. Quatro palestinos armados sequestraram o navio, que se dirigia a Israel, e exigiram que 50 prisioneiros palestinos fossem libertados de prisões israelenses.
Durante o sequestro, o passageiro Leon Klinghoffer, um judeu americano de 69 anos portador deficiência física, foi morto a tiros. Seu corpo foi jogado do navio na cadeira de rodas. Após dois dias de impasse, os sequestradores se renderam às autoridades egípcias, sob a garantia de que seriam levados para a Tunísia e libertados.
Abbas não estava no navio, mas participou das negociações e juntou-se aos sequestradores. Embarcaram num avião egípcio, que foi interceptado por jatos militares americanos e forçado a aterrissar na Sicília (sul da Itália).
As autoridades italianas detiveram os sequestradores, mas se recusaram a prender Abbas, sob o argumento de que não havia indícios e porque ele possuía um passaporte diplomático iraquiano. Abbas deixou a Itália, mas, em 1986, foi condenado à revelia pela Justiça italiana à prisão perpétua.
Durante parte dos anos 90, Bagdá foi adotada como moradia por Abu Abbas e Abu Nidal, outro importante terrorista palestino. No ano passado, o regime iraquiano anunciou que Nidal teria se suicidado, mas suspeita-se que tenha sido morto pelo governo.
Em 1996, quando o processo de paz israelo-palestino parecia deslanchar, Abu Abbas voltou do exílio para Gaza e desculpou-se pela morte de Klinghoffer. "O assassinato do passageiro foi um erro. Sentimos muito", disse.
Segundo a CNN, Israel ignorou, na época, sua presença após concluir que ele teria renunciado ao uso da violência. Mas os EUA e a família do passageiro morto rejeitaram o pedido de desculpas.
A Frente de Libertação da Palestina, que realizou diversas operações contra Israel e pela independência da Palestina, é oficialmente designada pelos EUA como uma organização terrorista. Em outubro passado, o presidente dos EUA, George W. Bush, acusou o Iraque de proteger Abbas.
Os EUA acusaram o regime de Saddam Hussein de colaborar com grupos terroristas, um dos motivos que levaram os EUA a atacarem o Iraque.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Crescem disputas internas e rejeição aos EUA
Próximo Texto: Abre-te sésamo
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.