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PÓS-SADDAM
Após serem atacados, americanos atiraram em grupo que contestava discurso pró-EUA de líder local
Tiroteio em Mossul mata 10 civis
DA REDAÇÃO
Ao menos dez iraquianos morreram e mais de cem ficaram feridos em tiroteio ocorrido na manhã de ontem em Mossul (norte),
durante discurso do novo governante local, Mushan al Jaburi.
Segundo testemunhas relataram à agência France Presse, soldados americanos que acompanhavam Al Jaburi reagiram a disparos de franco-atiradores escondidos entre as cerca de 3.000 pessoas que assistiam ao pronunciamento na praça do Governo, no
centro de Mossul.
Os soldados americanos abriram fogo contra a multidão, que
reagia negativamente ao discurso
pró-EUA do novo governante,
que falava da varanda de um prédio de seis andares. "Al Jaburi dizia que o fornecimento de água e
energia seria restabelecido imediatamente e que, graças aos americanos, haveria democracia", declarou uma testemunha.
A resposta da audiência veio em
coro: "Só Allah é Deus, e Muhammad é seu profeta. Só haverá democracia quando os EUA se forem". Al Jaburi reagiu, dizendo
que na platéia só havia "fedayin
de Saddam", em referência aos
paramilitares fiéis ao ex-ditador.
Surgiram então os primeiros tiros contra os americanos, vindos
da própria multidão e de telhados
de casas nas redondezas. Pedras
também foram lançadas contra a
guarda dos EUA, formada por 130
homens. O tiroteio durou dez minutos. Até a conclusão desta edição, o comando americano no
golfo Pérsico dizia não ter conhecimento do incidente.
Após o confronto, enquanto
ambulâncias transportavam os
feridos para o principal hospital
local, um caça dos EUA fez um
vôo rasante sobre a cidade, provocando pânico entre os moradores, que temiam um bombardeio.
Al Jaburi, representante da oposição árabe ao regime de Saddam,
foi escolhido para governar Mossul anteontem, após reunião entre
líderes dos grupos étnicos e religiosos da cidade, acompanhada
pelo comandante das forças dos
EUA na região.
Nos últimos dias, após a queda
das tropas de Saddam Hussein na
cidade, mais de 20 pessoas morreram e 200 ficaram feridas em choques entre grupos armados das
comunidades árabe e curda, as
duas maiores de Mossul.
Confrontos semelhantes entre
árabes e curdos ocorreram em Tikrit, cidade natal de Saddam e último reduto a ser ocupado pelos
EUA na invasão do Iraque.
Ao menos quatro pessoas morreram durante o ataque de saqueadores curdos a grupos armados de árabes, que tentavam proteger suas propriedades na parte
leste da cidade.
Também houve saques em alguns prédios do governo, mas em
menor intensidade do que em outros centros do país, como Bagdá,
Basra ou Najaf.
O clima entre as tropas americanas que ocupam Tikrit e a população local é de hostilidade, principalmente depois que as forças dos
EUA intensificaram a revista nos
postos de controle.
Ontem, iraquianos protestaram
após os militares americanos bloquearem a principal ponte que
corta o rio Tigre. "Americanos
são contra a liberdade e a democracia", gritou um morador.
"Saddam voltará", disse outro.
No oeste do país, as forças dos
EUA anunciaram a rendição do
comandante do Exército iraquiano na Província de Anbar. Ele era
responsável pela defesa da fronteira do Iraque com a Síria e tinha
16 mil homens sob seu comando.
Soldados mortos
Mais três militares dos EUA
morreram no Iraque ontem, aumentando para 151 o número de
baixas da coalizão anglo-americana. A explosão, aparentemente
acidental, de uma granada em um
posto de controle ao sul de Bagdá
matou dois soldados e feriu outros dois. Segundo o Pentágono, o
terceiro soldado morreu também
na capital, após ser atingido por
um disparo por engano de uma
metralhadora.
Com agências internacionais
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