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RACISMO
Vítimas receberão US$ 3.800
África do Sul indeniza por apartheid
DA REDAÇÃO
As 19.050 vítimas do apartheid
identificadas pela Comissão Verdade e Reconciliação (CVR) da
África do Sul receberão do governo indenizações de 29,1 mil rands
(o equivalente a US$ 3.800). O
anúncio foi feito ontem pelo presidente Thabo Mbeki e o valor determinado equivale a aproximadamente um quinto do recomendado pela CVR.
Ao todo, o governo deve gastar
571,5 milhões de rands com as vítimas identificadas -a comissão
calculara um gasto de 3 bilhões.
A comissão foi criada em 1995
pelo então presidente Nelson
Mandela para investigar crimes
cometidos pelo regime de segregação racial que vigorou no país
entre 1948 e 1991.
A indenização, a ser paga em
uma única parcela até o fim do
atual ano fiscal (que termina em
março de 2004), se restringe às vítimas que depuseram junto à comissão, coordenada pelo arcebispo e ganhador do Nobel da paz
Desmond Tutu. As demais não
serão elegíveis ao benefício.
"Combinados às reparações da
comunidade e à assistência por
meio de oportunidades e serviços,
esperamos que esse pagamento
ajude e ofereça algum alívio aos
que passaram pelo sofrimento
[do apartheid]", declarou Mbeki
ao Congresso na Cidade do Cabo.
Processos contra empresas
O presidente também anunciou
ontem que o governo não apoiará
a cobrança de tributos nem a
abertura de processos contra empresas suspeitas de terem apoiado
o apartheid -como recomendou
a CVR- e rejeitou a intervenção
de tribunais estrangeiros.
Em março, quando a CVR entregou seu último relatório, um
grupo de empresas sul-africanas
fez lobby contra a tributação.
Recentemente, vítimas do apartheid entraram com um processo
de US$ 6,1 bilhões na Justiça americana contra a empresa de mineração Anglo-American e sua subsidiária De Beers, o que o presidente qualificou como uma intromissão "inaceitável". IBM, General Motors, Exxon Mobil, JP Morgan Chase, Ford e Bayer são vistas
como alvos potenciais das ações.
Embora afirme que o governo
reconhece o direito dos cidadãos
de moverem os processos, para
Mbeki o assunto deve ser resolvido dentro da África do Sul.
As decisões provocaram reações negativas. Para Hugo van der
Merwe, do Centro para Estudos
da Violência e Reconciliação em
Johannesburgo, é preocupante
que a indenização seja encarada
como "o fim da responsabilidade
do governo" com as vítimas do
apartheid.
O presidente ainda descartou a
concessão de anistia às pessoas
que violaram os direitos humanos
sob o regime e não se apresentaram à CVR -a comissão tinha o
poder de dar anistia em troca de
testemunhos e colaborações.
Alguns casos específicos, no entanto, ainda poderão ser investigados pelo sistema legal sul-africano, afirmou Mbeki.
Com agências internacionais
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