São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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ISRAEL

Dinheiro estaria indo a assentamentos sem autorização; Europa e ONU criticam apoio de Bush a Sharon

Procurador israelense corta verba a colônias

DA REDAÇÃO

O procurador-geral de Israel, Meni Mazuz, determinou ontem o congelamento das verbas para a construção de assentamentos judaicos. Ele acusou alguns assentados de desviar ilegalmente recursos para a edificação de colônias não autorizadas na Cisjordânia.
As dotações para habitações e benefícios urbanos só voltarão a ser liberadas depois que uma comissão apurar responsabilidades.
Pinchas Wallerstein, líder dos assentados na Cisjordânia, criticou o procurador e disse que ele procura "tirar a legitimidade" da colonização. Um dos adversários da colonização em terras árabes, Yariv Oppenheimer, do grupo Paz Agora, aplaudiu a decisão e disse que estava agora provado que havia desvio de dinheiro.
A decisão de Mazuz coincide com reações internacionais, em geral críticas, à decisão dos EUA de apoiar, anteontem, o plano unilateral do premiê Ariel Sharon, que prevê o desmantelamento das colônias em Gaza, e também, pela primeira vez, o direito de Israel manter colônias na Cisjordânia ocupada.
Em Gaza 7.000 israelenses estão rodeados por 1,3 milhão de palestinos. Na Cisjordânia, são 230 mil israelenses num território em que os palestinos são 2,3 milhões.

ONU e União Européia
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, criticou o apoio de Bush a Sharon por ambos não terem levado em conta as reivindicações palestinas. Segundo o porta-voz Stephane Dujarric, qualquer passo para a paz supõe soluções negociadas entre as partes, levando-se em conta as resoluções do Conselho de Segurança do órgão.
A União Européia, por meio do ministro do Exterior da Irlanda, Brian Cowen, disse que não serão reconhecidas modificações das fronteiras anteriores a 1967, a não ser que sejam o resultado de negociações entre as partes.
O presidente francês, Jacques Chirac, disse rejeitar soluções unilaterais ou mesmo bilaterais que contrariem a lei internacional.
Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina, disse que "os dirigentes fanáticos de Israel estão enganados, assim como o estão aqueles que os apóiam". Disse que os palestinos não abdicariam de suas terras e do direito de retorno [de refugiados a territórios hoje pertencentes a Israel].
Bush anteontem apoiou ainda posição israelense de que os cerca de 4 milhões de refugiados palestinos não voltem ao que é hoje Israel pois isso minaria o caráter judaico do país.
O premiê palestino, Ahmed Korei, sugeriu um encontro de emergência dos quatro patrocinadores, há dois anos, de novo plano de paz -EUA, União Européia, Rússia e Nações Unidas. Pediu também uma reunião extraordinária da Liga Árabe, que ontem acusou os EUA de tendencioso.

Powell
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, conversou ontem por telefone com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, com o rei Abdullah, da Jordânia, e com Annan. Argumentou que o encontro de Bush com Sharon "produziu resultados positivos para os palestinos e para a aspiração deles a um Estado".
Powell insistiu que pela primeira vez em 37 anos Israel se comprometeu a desmantelar assentamentos.


Com agências internacionais


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