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EUA pedem reformas ao novo governo
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Os departamentos do Tesouro e
de Estado norte-americanos cobraram ontem de Néstor Carlos
Kirchner a manutenção das políticas defendidas por Washington
e o aprofundamento das reformas
econômicas na Argentina.
Na visão americana, apesar do
discurso mais à esquerda, o presidente eleito da Argentina deveria
se espelhar no presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na
hora de agir.
John Taylor, subsecretário do Tesouro americano, disse que a
Argentina "vem gerando boas notícias" e que o novo governo deveria "perseguir a extensão" das políticas vigentes.
"Ainda há um grande número de problemas estruturais a serem
atacados. O novo governo argentino tem agora a oportunidade para fazer essas mudanças", disse Taylor.
O subsecretário elogiou a condução da economia brasileira e o
encaminhamento das reformas da Previdência e tributária pelo
presidente Lula.
Segundo Taylor, a evolução das economias dos dois países deve ser discutida na próxima reunião do G-8 (os sete países desenvolvidos, mais a Rússia) em junho.
Lula como modelo
No Departamento de Estado, segundo um funcionário responsável pela região consultado pela Folha, a expectativa é que Kirchner adote uma posição semelhante à de Lula na economia.
Os americanos acreditam que, apesar da possibilidade de Kirchner e Lula se unirem em torno do Mercosul, ambos venham a ter pouco espaço de manobra para atuar de maneira diferente da atual no campo econômico.
A união dos dois presidentes é vista em Washington como mais
um entrave para a concretização dos planos americanos de finalizar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) no prazo preestabelecido, em janeiro de 2005.
Embora tenha sido o governo de Carlos Menem aquele que, segundo as palavras de um de seus ministros, tinha "relações carnais" com os EUA, os americanos
consideram que a vitória de Kirchner representará uma consolidação mais firme do quadro político na Argentina.
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