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Brasil se diz "satisfeito" com desfecho
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Itamaraty recebeu com satisfação a ascensão de Néstor Kirchner à Presidência da Argentina após o seu opositor, Carlos Menem, ter abandonado sua candidatura, a quatro dias do segundo turno da eleição.
"O presidente eleito já expressou claramente sua prioridade
com o Mercosul e nas relações com o Brasil, de modo que só pode nos dar satisfação", afirmou o
chanceler Celso Amorim.
Segundo Amorim, a vitória de Kirchner se deu de maneira inesperada, embora tenha resultado de "um procedimento democrático e constitucional".
Desde o fim do primeiro turno, assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escondiam a preferência de seu chefe por Kirchner. Lula teve várias desavenças com Menem.
A antipatia natural por Menem e a preferência por Kirchner foram reforçadas pelas relações amistosas entre Lula e Duhalde.
Na visita que Duhalde fez ao Brasil, o governo saiu com a sensação
de que o presidente argentino era um interlocutor confiável levar
adiante o projeto de fortalecimento do Mercosul.
Na semana passada, Kirchner desembarcou em Brasília para
uma audiência com Lula. Veio pedir apoio.
É raro um candidato à Presidência de outro país ser recebido por
um presidente, para evitar constrangimentos com os opositores,
caso eles vençam as eleições.
No Itamaraty, as preocupações com uma eventual vitória de Menem também sempre estiveram presentes. Durante seu mandato
(1989-99), o então presidente argentino deu trabalho para a diplomacia brasileira e colaborou para que a relação entre os dois países
azedasse.
Menem foi, por exemplo, artífice das famosas "relações carnais"
com os Estados Unidos, estratégia que irritava o Brasil. O Itamaraty
sempre temeu que Menem, impulsivo e temperamental, desse
mais atenção às relações com os EUA do que com o Brasil caso
voltasse ao poder.
O Itamaraty se nega, normalmente, a dar declarações oficiais
sobre eleições em outros países, para não ser acusado de interferência em assuntos internos.
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