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SAÚDE
Quem espalhar a doença intencionalmente pode ser condenado à morte, diz governo; medida é bem recebida pela OMS
China ameaça executar transmissor da Sars
DA REDAÇÃO
Assombrada com a possibilidade de a Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês) se espalhar pelo país, a China
ameaçou de pena de morte ou
prisão perpétua a quem intencionalmente transmitir a doença.
Apesar de criticada por entidades
de direitos humanos, a medida foi
bem recebida pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
"A transmissão intencional de
elementos causadores de doenças
será punida com penas de dez
anos à prisão perpétua ou pena de
morte", divulgou a agência de notícias oficial Xinhua.
O governo chinês admite que
apenas o controle sanitário não
será suficiente para evitar que a
epidemia migre das grandes cidades, onde está concentrada, para a
área rural, que tem um precário
sistema de saúde.
"O risco potencial de a Sars se
espalhar pela zona rural persiste",
disse o vice-ministro da Agricultura, Liu Jian. "Temos de estimular a precaução ao máximo."
Na cidade de Linhe, no norte do
país, o médico Li Song foi preso
após ser acusado de ter violado
uma ordem de quarentena e de
ter transmitido o vírus da Sars para mais de cem pessoas, segundo
informações da polícia chinesa.
Li Song é a primeira pessoa presa por infectar outras. Um funcionário do centro de saúde da região, que se identificou apenas como Chen, não disse se o médico
agiu intencionalmente. "Ele é
apenas um homem mau e irresponsável", disse o funcionário à
agência Associated Press.
Grupos de direitos humanos
disseram que as punições, decretadas em conjunto pela Suprema
Corte e pelo procurador-geral da
China, são exageradas.
"A medida é extrema demais,
com punições muito pesadas",
afirmou o ativista Frank Lu, baseado em Hong Kong. "Viola as
convenções internacionais de direitos humanos e não foi aprovada pelo Congresso Nacional Popular", disse o ativista, em referência ao Parlamento chinês.
A OMS, no entanto, evitou críticas e disse que a população deve
agir com responsabilidade.
"Creio que parece uma atitude
severa", disse à agência Reuters
Henk Bekedam, representante da
OMS na China. "Mas acredito que
a população tenha de ter uma certa responsabilidade. É muito importante que as pessoas entendam isso", disse.
As duras medidas adotadas pelo
governo chinês, que incluem quarentenas em massa e até a proibição de cuspir em vias públicas, aparentemente têm surtido efeito.
Ontem, o Ministério da Saúde
chinês anunciou 52 novos casos
de Sars e mais quatro mortes pela
doença. É o registro diário mais
baixo desde o mês de abril.
Segundo dados da OMS, a China registrou 6.867 dos 7.699 casos
mundiais da Sars. Das 598 mortes
em razão da doença, 505 aconteceram em território chinês.
A Sars tem atingido duramente
a economia chinesa. Só no setor
de turismo, estima-se que cerca
de 3 milhões de postos de trabalho sejam fechados neste ano.
Ontem, a Rússia anunciou o fechamento de 60% de sua fronteira
com a China e a Mongólia.
Taiwan
As autoridades de saúde de Taiwan colocaram cerca de 500 pessoas sob quarentena ontem. Todas circularam por três hospitais
da ilha que registraram surtos da
doença. Muitos funcionários dos
hospitais, como médicos e enfermeiros, estão nesse grupo, debilitando ainda mais o sistema de
saúde local. Nos últimos dias, Taiwan sofreu um recrudescimento
da epidemia. Segundo a OMS, havia até ontem na ilha 264 casos de
Sars, com 30 mortos.
Com agências internacionais
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