São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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Americano comanda ONG contra vigilância

DE NOVA YORK

Bill Brown começou sua "luta contra a vigilância" quando desconfiou que o FBI tinha uma ficha a seu respeito pelo fato de sua mãe ter trabalhado para o candidato democrata Gerald McGovern, derrotado por Richard Nixon em 1972, e por ter apoiado a invasão de "homeless" a prédios abandonados da cidade.
Desde então, comanda uma ONG e continua a batalha para ver os dados sobre sua pessoa mantidos pela polícia federal, direito garantido pela Constituição. "A pasta ainda está em uso", é a resposta padrão. (SD)

Folha - O "espírito Big Brother" aumentou após 11 de setembro?
Bill Brown -
Sim, muito rapidamente, e não só nos EUA, mas no mundo inteiro, especialmente em Canadá, França, Reino Unido, Israel e Alemanha, nesta ordem.

Folha - O que uma pessoa comum pode fazer para evitar que, de uma maneira ou de outra, acabe sendo vigiada?
Brown -
Em primeiro lugar, temos de educar essa pessoa, ensiná-la quais são os seus direitos individuais e onde eles não estão sendo respeitados. Parece incrível, mas nem todo mundo sabe quando sua privacidade está sendo violada, ou não dá valor.
Só quando perde o direito, mas aí é tarde demais. Então, essa "pessoa comum" deveria se organizar e se juntar a outros indivíduos com interesses comuns, como colegas de trabalho, moradores da mesma quadra, frequentadores da mesma igreja...
Por fim, deve escolher um campo da privacidade que foi invadido pelo governo ou quem quer que seja e combatê-lo sem trégua, que é o que eu faço em relação às câmeras de segurança espalhadas por toda Nova York.

Folha - Na semana retrasada, o secretário John Ashcroft anunciou medidas de exceção que ampliam o poder de ação do FBI para frequentar reuniões públicas de grupos religiosos e políticos e vigiar correio eletrônico mesmo sem autorização judicial, desde que haja suspeita de atividades terroristas. Isso vai aumentar a segurança?
Brown -
Não. A melhor maneira de se livrar do terrorismo como o patrocinado pela Al Qaeda é 1) retirar as tropas americanas da Arábia Saudita; 2) liberar o espaço aéreo sobre o Iraque; e 3) convencer Israel a sair dos territórios ocupados ou pararmos de mandar ajuda financeira a eles.
Se fizermos isso, eles continuarão terroristas, mas ao menos perderão o apoio da maioria das populações do Oriente Médio.



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