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EUA
Exame mostra que não era possível superar os danos no cérebro da doente vegetativa que mobilizou o papa e o presidente dos EUA
Caso Schiavo era irreversível, diz autópsia
PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK
A autópsia em Terri Schiavo
-a mulher cujo caso mobilizou o
Vaticano, a Casa Branca e o Congresso dos EUA- revelou que
seu cérebro estava profunda e irreversivelmente danificado e que
ela estava cega. O resultado confirma os argumentos de seu marido e de especialistas que a examinaram, de que Terri vivia num
"persistente estado vegetativo" e
que não havia como recuperá-la.
Terri morreu no último dia 31
de março, depois de uma batalha
jurídica e política de sete anos entre seus pais e seu marido. O caso
monopolizou as atenções nos
EUA nos 13 dias em que durou a
agonia da mulher, desde o momento em que foi retirado o tubo
de alimentação que a manteve viva por 15 anos até a sua morte.
Os pais de Terri, Robert e Mary
Schindler, diziam que a filha ainda podia se recuperar se houvesse
uma mudança em seu tratamento. O marido dizia que ela não tinha mais chances e que, antes de
cair nesse estado, dissera várias
vezes que não gostaria de ser
mantida viva dessa forma.
Os resultados da autópsia mostram que o cérebro de Terri estava
severamente danificado e tinha
menos da metade do peso normal. "O dano era irreversível, e
nenhuma quantidade de terapia
ou tratamento poderia ter regenerado a enorme perda de neurônios", disse o médico responsável
pela autópsia, Jon Thogmartin.
A constatação de que Terri estava cega também é reveladora,
uma vez que uma das principais
discussões foi justamente se ela
reagia a estímulos. Num vídeo repetido exaustivamente na TV
americana, a paciente parecia seguir o dedo de sua mãe e sorrir
quando ela estava na sala.
A autópsia também revelou que
ela não sofreu nenhum tipo de
abuso por parte do marido, como
chegaram a acusar seus pais.
O exame, no entanto, não conseguiu determinar a causa do problema de Terri. Em fevereiro de
1990, ela teve um colapso no chão
de sua casa, e seu cérebro ficou vários minutos sem oxigênio, o que
a deixou no estado vegetativo. A
tese mais provável é que o colapso
tenha sido causado por um distúrbio alimentar.
O caso provocou uma intensa
controvérsia nos EUA. O presidente George W. Bush chegou a
interromper um feriado e voltar
às pressas a Washington para assinar uma lei aprovada pelo Congresso que servia exclusivamente
para dar aos pais de Terri o direito
de recorrer a mais tribunais para
tentar manter a filha viva. A intervenção foi em vão, pois, uma a
uma, as cortes americanas rejeitaram analisar o pedido.
Ontem, os pais de Terri disseram, por meio de seu advogado,
que continuam a acreditar que
sua filha não estivesse em persistente estado vegetativo. Os Schindlers vão pedir que outros médicos analisem os resultados.
Na Casa Branca, o porta-voz
disse que a autópsia não altera a
posição de Bush. "Nossos pensamentos e orações continuam com
sua família e seus amigos. O presidente ficou profundamente entristecido nesse caso."
Michael Schiavo, marido de
Terri, disse, por meio de seu advogado, que estava satisfeito em ouvir a comprovação de seus argumentos pela ciência.
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