São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Autoridade Nacional Palestina endurece contra grupos terroristas; ataques aéreos israelenses matam seis

Israel e polícia palestina atacam Hamas

DA REDAÇÃO

Depois de uma série de ataques terroristas contra alvos israelenses, as forças de segurança palestinas trocaram tiros ontem com militantes do Hamas na faixa de Gaza, deixando dois mortos e 25 feridos. O confronto indica uma mudança nas relações entre o governo da Autoridade Nacional Palestina e grupos palestinos.
Ataques de Israel com helicópteros mataram seis supostos militantes do grupo terrorista em Salfit, na Cisjordânia, e na cidade de Gaza. A trégua que vigora há cerca de cinco meses está em risco depois que seis israelenses foram mortos nesta semana.
Cinco pessoas morreram na terça num atentado organizado pelo Jihad Islâmico em Netanya, perto de Tel Aviv. Anteontem, um míssil lançado contra Netiv Haasara, perto da divisa com Gaza, matou a jovem israelense Dana Galkovitch, filha de um brasileiro.
Israel e os EUA pressionam o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, a neutralizar os terroristas. A ação da polícia palestina em Gaza indica mudança na política do presidente da ANP, que sempre se mostrou relutante em confrontar os militantes, preferindo trazê-los para perto do governo.
O chefe da segurança palestina, Nasser Yousef, disse que suas forças não vão "hesitar" em restabelecer a lei e a ordem e ordenou que os ataques contra Israel sejam interrompidos a todo custo.
O confronto, porém, aumenta temores palestinos de uma guerra civil, e a ANP declarou estado de emergência em Gaza. O embate ocorreu no bairro de Zeitoun, depois que as forças de segurança fizeram buscas pelos autores de ataques. Militantes queimaram uma delegacia e carros de polícia. Homens com os rostos cobertos tomavam as ruas, enquanto a polícia reagia e civis observavam o embate. Dois adolescentes, de 13 e 17 anos, morreram.
Mas a ação israelense contra os líderes do Hamas parece ser um sinal de que o governo de Ariel Sharon perdeu a paciência com Abbas. O negociador palestino Saeb Erekat, por sua vez, condenou os ataques. "Isso acontece no momento em que estamos tentando manter a ordem e a nossa autoridade. A única coisa que a escalada nos ataques faz é minar esse trabalho."

Ataques de Israel
Israel garante que apenas busca os envolvidos nos ataques terroristas. "Estamos adotando medidas para acabar com ataques, uma vez que a ANP se recusa a fazê-lo", disse comunicado do gabinete de Sharon.
Palestinos continuaram atacando alvos israelenses. Pelo menos 19 foguetes caseiros e 34 tiros de morteiro foram lançados contra Israel nos últimos dias.
O Hamas afirmou que Israel "abriu as portas do inferno" com os ataques. O grupo ameaça pôr fim ao cessar-fogo e disse que apenas respondeu a incursões nos territórios palestinos. "Israel violou a trégua. Não fomos nós", disse Mohammed Ghaza, porta-voz do grupo.

Retirada
O derramamento de sangue poderá complicar o plano de Sharon de retirar assentamentos judaicos na faixa de Gaza, que já enfrenta forte oposição de setores conservadores. A saída está marcada para agosto.
"A retirada não pode começar sob fogo", disse o premiê a um canal de TV israelense. "Adotaremos todas as medidas contra o Jihad Islâmico, sem limitações. Não há chance para um acordo de paz enquanto o terror continuar."
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, anunciou uma visita ao Oriente Médio para respaldar a retirada israelense e pressionar a ANP. A viagem deverá ocorrer na próxima semana.


Com agências internacionais

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