São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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TERROR EM LONDRES

Magdy al Nashar, detido no Egito, negou ter feito as bombas que mataram 50, segundo autoridades egípcias

Preso suposto químico do ataque a Londres

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

O Egito prendeu um químico suspeito de ter preparado explosivos usados nos atentados terroristas do dia 7 em Londres, que deixaram mais de 50 mortos. Há controvérsias sobre a prisão de Madgy Mahmud Mustafa al Nashar, 33. Segundo fontes do governo egípcio disseram à Associated Press, o egípcio, que vive em Londres, foi preso há quatro ou cinco dias. Mas um irmão de Nashar disse que foi anteontem.
O Reino Unido quer que o Egito entregue Nashar, em cuja casa, em Leeds, a polícia disse ter achado elementos químicos explosivos. Mas os egípcios querem saber se há provas contra ele.
Nashar negou participação nos atentados e disse que estava em férias no Egito, mas voltaria a Leeds, cidade inglesa onde viviam os terroristas já identificados. Ele dava aulas de química na universidade local e voltou ao Egito uma semana antes dos atentados.
Ao jornal "Al Gomhuria", o ministro do Interior do Egito, Habib al Adli, disse que não há nada que ligue Nashar à rede terrorista Al Qaeda, diferentemente do que suspeita a polícia britânica.
O comissário da polícia metropolitana de Londres, Ian Blair, afirmou que os investigadores esperam encontrar provas da participação da rede Al Qaeda nos ataques. Segundo ele, os quatro terroristas suicidas não passam de "soldados rasos".
A suspeita britânica é a de que haja uma rede com profundas ramificações internacionais por trás dos ataques na capital britânica. A polícia informou ontem, por exemplo, que está investigando uma possível conexão com uma célula da Al Qaeda no Paquistão.
A polícia britânica teria entregado ao governo paquistanês uma lista com nomes de suspeitos. Interessa às autoridades britânicas descobrir informações sobre o período em que um dos terroristas suicidas cujo nome já foi confirmado, Shehzad Tanweer, 22, estudou no Paquistão, em 2004.
Hasib Hussain, 22, é o outro terrorista que participou dos ataques. A família de Hussain se disse "devastada" com o que ocorreu. Ele foi descrito como um rapaz "carinhoso e normal".
A família disse ainda que teria feito qualquer coisa para pará-lo se soubesse que ele estava planejando um atentado. Foi a mãe de Hussain que reportou à polícia o desaparecimento de seu filho no dia dos atentados. Sua descrição levou a polícia a concluir que Hussain havia sido o terrorista que explodiu um ônibus.
Os outros dois nomes ainda não confirmados pela polícia são o de Mohammad Sidique Khan, 30, e o do jamaicano Lindsey Germaine, o único da lista que não é cidadão britânico. Soube-se ontem que Sidique Khan chegou a participar de uma sessão da Câmara dos Comuns, no ano passado, como convidado especial.
As autoridades policiais britânicas fizeram ontem um apelo à comunidade muçulmana no Reino Unido para que cooperasse no combate ao terrorismo.
O líder do Conselho Muçulmano Britânico, Iqbal Sacranie, afirmou querer que a comunidade dê "passos concretos" para evitar que "essas atrocidades" se repitam. As lideranças muçulmanas representadas pelo conselho soltaram um comunicado em que descreveram os atentados como "profundamente criminosos, totalmente repreensíveis e absolutamente não-islâmicos".
Apesar disso, os 22 imãs e estudiosos reunidos na maior mesquita de Londres não condenaram todos os tipos de atentados. Segundo Sayed Mohammed Musawi, chefe da Liga Islâmica Mundial em Londres, "deve haver uma clara distinção entre os terroristas suicidas e aqueles que se defendem de forças de ocupação".


Com agências internacionais

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