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FOCO
Rússia reluta em aderir à moral sexual ocidental 19 anos após queda da URSS
DO "NEW YORK TIMES"
Duas décadas após o fim
do recato imposto pelo Estado no período da União Soviética, a Rússia ainda reluta
em aderir à moral sexual presente na Europa ocidental.
Em recente evento de proprietários de sex shops do
país, em Moscou, os participantes tentavam fazer clientes descobrirem o uso dos
seus produtos e indagavam
sobre o por quê da timidez.
"Simplesmente não existe
cultura sexual nenhuma",
diz Nadezhda Dovgal, uma
das organizadoras da convenção, a X-Show. "As pessoas ainda têm vergonha",
afirma, atribuindo o comedimento ao legado soviético.
Durante o regime comunista, o governo tentava acobertar toda conversa sobre
sexo, tornando a vida pública na prática assexuada.
As restrições à privacidade, sobretudo nas residências comunitárias das grandes cidades, limitavam ainda
mais os encontros sexuais.
"Não há sexo na União Soviética", dizia uma sátira no
período da perestroika
-reestruturação econômica
durante a década de 1980.
"Sempre tivemos sexo,
mas informação sobre esse
assunto era praticamente
inexistente", relata Yelena
Khanga, que participou do
primeiro "talk show" sobre
sexo no país, nos anos 90.
O programa de entrevistas
se chamava "Sobre Aquilo".
"Em geral, não era aceitável falar sobre sexo", diz. Segunda ela, quando o programa começou, e pela primeira
vez abordou questões como
Aids, homossexualidade e o
assédio sexual, "foi como a
explosão de uma bomba".
Apesar disso, o país lentamente dá indícios de abertura nesse sentido, e a indústria erótica não parece tão mal como afirmam alguns.
Nos últimos dez anos, o
número de sex shops em
Moscou aumentou de cinco
para mais de 150, segundo
Dovgal, e há ainda muitos
outros baseados na internet.
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