São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

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FOCO

Rússia reluta em aderir à moral sexual ocidental 19 anos após queda da URSS

DO "NEW YORK TIMES"

Duas décadas após o fim do recato imposto pelo Estado no período da União Soviética, a Rússia ainda reluta em aderir à moral sexual presente na Europa ocidental.
Em recente evento de proprietários de sex shops do país, em Moscou, os participantes tentavam fazer clientes descobrirem o uso dos seus produtos e indagavam sobre o por quê da timidez.
"Simplesmente não existe cultura sexual nenhuma", diz Nadezhda Dovgal, uma das organizadoras da convenção, a X-Show. "As pessoas ainda têm vergonha", afirma, atribuindo o comedimento ao legado soviético.
Durante o regime comunista, o governo tentava acobertar toda conversa sobre sexo, tornando a vida pública na prática assexuada.
As restrições à privacidade, sobretudo nas residências comunitárias das grandes cidades, limitavam ainda mais os encontros sexuais.
"Não há sexo na União Soviética", dizia uma sátira no período da perestroika -reestruturação econômica durante a década de 1980.
"Sempre tivemos sexo, mas informação sobre esse assunto era praticamente inexistente", relata Yelena Khanga, que participou do primeiro "talk show" sobre sexo no país, nos anos 90.
O programa de entrevistas se chamava "Sobre Aquilo".
"Em geral, não era aceitável falar sobre sexo", diz. Segunda ela, quando o programa começou, e pela primeira vez abordou questões como Aids, homossexualidade e o assédio sexual, "foi como a explosão de uma bomba".
Apesar disso, o país lentamente dá indícios de abertura nesse sentido, e a indústria erótica não parece tão mal como afirmam alguns.
Nos últimos dez anos, o número de sex shops em Moscou aumentou de cinco para mais de 150, segundo Dovgal, e há ainda muitos outros baseados na internet.


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