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APAGÃO AMERICANO
Após dois dias de caos, energia é totalmente restabelecida em Nova York, mas ainda falta em outras regiões; causa é incerta
Megablecaute persiste 30 horas depois
Shannon Stapleton/Reuters
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Sem poder usar elevadores para ir aos seus quartos, hóspedes se deitam do lado de fora do hotel Marriott na Times Square |
ROBERTO DIAS
BEATRIZ PERES
LEONARDO CRUZ
DE NOVA YORK
Mais de 30 horas depois do
maior blecaute da história dos
EUA, várias áreas do nordeste do
país e do Canadá seguiam sem
eletricidade. As causas do colapso
energético também não haviam
sido determinadas. EUA e Canadá anunciaram a criação de uma
força-tarefa conjunta para investigar o que causou o apagão.
A rede de energia voltou a operar num ritmo bem mais lento do
que o previsto. Às 21h03 (horário
local, 22h03, em Brasília), a Consolidated Edison Co., responsável
pela distribuição de energia em
Nova York, anunciou que o fornecimento fora restabelecido em
toda a cidade.
Durante o dia, no entanto, Nova
York enfrentou mais caos no
transporte, nas comunicações,
nos restaurantes e no comércio.
A promessa do prefeito Michael
Bloomberg, feita às 22h de anteontem, de que a luz voltaria em
horas e que a sexta seria normal
não se concretizou.
O próprio Bloomberg pulou da
cama logo cedo para dizer à população para ficar em casa. Autoridades pediam às pessoas para se
comportarem como fariam num
domingo ou feriado e que só funcionários de serviços essenciais
deveriam trabalhar.
Metrô e trens não funcionaram.
Os táxis também demoraram a
aparecer nas ruas, já que muitos
motoristas não tinham como
abastecer seus carros. Em alguns
postos em que havia energia, o
preço da gasolina deu um salto.
Sobraram os ônibus, que circularam sem cobrar tarifa. Mas estavam cheios, com menos linhas
que o normal e atrasados.
Em diversos lugares da cidade, o
sistema de telefonia, que havia resistido às primeiras horas do apagão, emudeceu. A Folha testou
mais de 60 telefones públicos de
Manhattan ontem -só dois funcionaram. Poucos restaurantes
abriram suas portas, colocando
mesas nas calçadas. A maioria das
redes de fast food não funcionou.
Por volta do meio-dia, cerca de
cem pessoas formavam fila numa
das poucas lanchonetes abertas:
um McDonalds na Times Square.
O comércio também parou.
Saques esporádicos surgiram
em duas cidades do Canadá e em
partes de Nova York quando as
luzes se apagaram, mas representantes da polícia do Canadá e dos
EUA pareciam aliviados ontem
por a violência não se ter generalizado, como aconteceu no blecaute de 1977 em Nova York.
Em Ottawa, a capital canadense,
a polícia registrou 23 casos de saque. Em Toronto, a polícia realizou 38 detenções e registrou 114
incidentes de saque. No Brooklyn,
cerca de 20 pessoas foram detidas
depois de tentarem invadir uma
loja de equipamentos esportivos.
A polícia de Nova York registrou
alguns outros incidentes. No geral, porém, o impulso de cooperação em um momento de crise parece ter superado qualquer tentação de partir para a violência.
Aliviadas em relação à segurança, autoridades nova-iorquinas
passaram o dia preocupadas com
problema de saúde. Pediam às
pessoas que jogassem fora a comida que estava estragando em
suas geladeiras. Outra preocupação eram os idosos, por causa do
intenso calor ontem na cidade (a
temperatura bateu nos 32C).
Uma pessoa morreu de ataque
cardíaco relacionado ao calor, segundo Bloomberg. A prefeitura
montou cinco centros de "refrigeração" na cidade.
Os três aeroportos que servem
Nova York estavam funcionando
ontem, mas os atrasos e os cancelamentos eram grandes.
Pela manhã, a Time Square estava metade acesa e metade apagada. Apenas um dos telões da
praça mais iluminada dos EUA
funcionava.
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