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Renúncia viria antes de impeachment, diz analista
de Nova York
O pior cenário que poderia
acontecer no final do caso Monica
Lewinsky seria o impeachment do
presidente Bill Clinton e sua condenação pela Justiça, o que deveria paralisar politicamente o país e
criar uma instabilidade suficiente
para interferir na melhor situação
econômica vista nos EUA nos últimos 50 anos.
Para que isso ocorra, no entanto, o promotor independente
Kenneth Starr, que investiga o caso, ainda tem de contar com alguns fatores, segundo o professor
de ciência política da Columbia
University, Robert Shapiro.
Supondo que o presidente continue a negar o relacionamento sexual, a prova seria a existência de
material genético de Clinton no
vestido de Monica.
Só que apenas encontrar esse
material não basta. Ele teria de ser
comparado ao DNA do presidente, e os testes teriam de dar 100%
de certeza de que se trata do mesmo material genético. Qualquer
porcentagem de incerteza, segundo Shapiro, geraria uma discussão
entre especialistas, inclusive com
cientistas assessorando o presidente, e colocaria sempre uma dúvida em torno do resultado.
Se os testes tiverem 100% de certeza, poderia ficar comprovado
que Lewinsky está falando a verdade e teve um relacionamento sexual com o presidente, mas não
que Clinton mentiu à Justiça.
Clinton ainda pode argumentar,
como afirmou o jornal ''The New
York Times'' na sexta, que respondeu, em seu depoimento no
caso Paula Jones, que não teve um
relacionamento sexual com Monica baseado na definição de relação
sexual estipulada naquele caso.
Ainda que seja comprovado que
houve mentira perante a corte, só
o falso testemunho num caso que
já não mais existe (Paula Jones)
não deve ser suficiente para levar o
presidente ao impeachment, segundo Shapiro.
Obstrução da Justiça
Para levar o Congresso a pedir o
impeachment, Kenneth Starr teria
de provar que Clinton induziu Lewinsky a dar falso testemunho.
''Vamos supor que chegássemos a esse ponto, que ficasse provado que Clinton fez uma coisa
má. Acredito que, antes de o Congresso pedir o impeachment, o
presidente renunciaria, para não
paralisar o país'', disse Shapiro.
Assim sendo, segundo o professor, o pior que pode acontecer
com os EUA é Clinton desviar a
atenção da política interna e externa por causa desse caso.
''Clinton é uma pessoa que consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas, se está deixando
de fazer uma delas para se dedicar
ao caso, já é um estrago'', disse.
Seguindo esse ponto de vista,
amanhã pode ser o melhor dia para o depoimento do presidente.
Logo depois, ele e todos os congressistas sairão de férias.
''Na volta, haverá ainda preocupação com as eleições no Congresso. Clinton não estará diretamente
envolvido nisso e continuará trabalhando. Só não poderá dar entrevistas, pois fariam perguntas
sobre o caso'', disse Shapiro.(ABl)
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