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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Chanceler Silvan Shalom refuta existência de plano para matar líder palestino, como disse vice-premiê anteontem

Sob críticas, Israel nega querer matar Arafat

Carina Appel/Associated Press
Arafat pega bola oferecida por prefeitos italianos, em Ramallah


DA REDAÇÃO

O chanceler israelense, Silvan Shalom, negou ontem que Israel pretendesse matar Iasser Arafat, desmentindo o vice-premiê, Ehud Olmert, que, no domingo, havia dito que a morte do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina) era uma possibilidade, assim como sua expulsão ou seu total isolamento.
"Não é a política oficial do governo de Israel", disse. "Não falamos sobre nenhuma morte. Não falamos sobre isso antes, e não falamos sobre isso hoje."
Na última semana, Israel anunciou que havia tomado a decisão de "remover" Arafat por considerá-lo um obstáculo ao plano de paz, mas não determinou de que forma e quando isso acontecerá.
A declaração de Olmert no domingo provocou intensas críticas. "O assassinato é uma coisa extremamente perigosa. Se todo mundo decidir assassinar seu adversário político, o mundo viverá um caos total", disse o presidente egípcio, Hosni Mubarak.
"Não passa pela nossa imaginação que algo dessa natureza venha a acontecer", disse Javier Solana, responsável pela política externa da UE (União Européia).
Já o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, voltou a dizer que os EUA são contra qualquer ação israelense contra Arafat e que ela espalharia "raiva pelo mundo árabe".
A administração de George W. Bush anunciou ontem que congelará recursos destinados a Israel devido à construção de uma cerca dividindo seu território dos territórios ocupados. Não se sabe o valor dos recursos congelados.
O governo britânico convocou o embaixador israelense em Londres para dizer que as declarações sobre a eliminação física de Arafat seriam "inaceitáveis". Canadá e Índia também se manifestaram.
Os líderes israelenses acusam Arafat de sabotar o plano de paz ao impedir que as forças de segurança palestinas reprimam os grupos terroristas palestinos.
Arafat diz, no entanto, que as forças de segurança palestinas foram parcialmente destruídas pelos ataques israelenses e não têm condições de impedir atentados.
Enquanto as atenções se voltavam para o líder palestino, o premiê palestino indicado, Ahmed Korei, pediu ao movimento Fatah, majoritário na ANP e liderado justamente por Arafat, que escolha os candidatos para 16 dos 24 cargos de seu gabinete.
A oferta sinaliza que Arafat terá influência na formação do futuro governo, justamente algo que Israel e os EUA não desejam.
Segundo Raanan Gissin, porta-voz do premiê Ariel Sharon, os palestinos terão de escolher entre ficar ao lado de Arafat e estabelecer um Estado palestino. "As duas coisas não vão andar juntas. Eles não terão um Estado e Arafat -não enquanto Arafat estiver no controle do processo."

Com agências internacionais

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