São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

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TERROR NO PARAÍSO

Explosivo C4 é usado por militares e por empresas de demolição; dois brasileiros continuam desaparecidos

Indonésia acha sinal de explosivo plástico

Achmad Ibrahim/Associated Press
Escombros da discoteca de Bali (Indonésia) atingida por atentado são isolados por investigadores


DA REDAÇÃO

Os investigadores do atentado de sábado à discoteca em Bali (Indonésia) disseram ter achado sinais do explosivo plástico C4. Esse tipo de explosivo é usualmente utilizado por militares e por empresas de demolição.
O chefe do serviço de informações indonésio, Abdulah Hedropriyono, confirmou a descoberta de rastros do C4. Segundo Mark Ribband, diretor no Reino Unido da Ribbands Explosives UK, "o C4 é difícil de ser encontrado no mercado, mas tudo tem um preço". Para ele, o explosivo pode vir de um roubo feito no arsenal de algum país ou do desvio em alguma empresa de demolição.
Tentando mostrar que está fechando o cerco sobre os autores do atentado e que está combatendo o extremismo, as autoridades indonésias anunciaram que estão interrogando ao menos 47 pessoas sobre ligações com o ato.
Enquanto isso, jornais indonésios publicaram vários artigos levantando "teorias da conspiração", sugerindo até que o ataque tenha sido planejado pelos EUA. O atentado terrorista deixou mais de 180 mortos e 300 feridos.
Continuava desaparecido ontem o sargento gaúcho Marco Antônio Farias, 24, que fazia parte do 19º Batalhão de Infantaria de São Leopoldo e, com outros quatro militares do batalhão, aproveitou uma folga na força de manutenção de paz da ONU em Timor Leste para conhecer a Indonésia, afirmou ontem o Itamaraty.
Segundo a assessoria de comunicação social do Itamaraty, "três ou quatro" famílias entraram em contato com o ministério pedindo ajuda para localizar parentes que supõem que estivessem em Bali na hora do atentado.
Dessas famílias, a única que autorizou a divulgação do nome do parente desaparecido foi a do brasileiro Alexandre Wataki, que estaria morando na ilha indonésia, disse o Itamaraty.

Laskar Jihad
A organização paramilitar islâmica Laskar Jihad (soldados da guerra santa), uma das mais violentas e radicais da Indonésia, disse ter resolvido se dissolver. Seus membros começaram a deixar as ilhas Molucas (leste).
O grupo tinha 700 militantes e foi fundado em 2000 para combater os cristãos nas Molucas.
"O Laskar Jihad decidiu-se pela dissolução. Achamos que a existência do grupo não é mais necessária, já que o governo dominou o separatismo nas Molucas", disse o advogado Ahmad Michdan.
Os militantes do Laskar Jihad argumentavam que havia um movimento separatista cristão nas ilhas e que era preciso combatê-lo em favor da unidade da Indonésia.
O conflito entre os dois grupos religiosos deixou mais de 5.000 mortos nos últimos anos.
O líder do grupo, Jafar Umar Thalib, foi combatente na guerra no Afeganistão contra a ocupação soviética (1979-89). Apesar dos contatos no Afeganistão, Thalib sempre negou ter qualquer tipo de ligação com a Al Qaeda.
Quando da criação do grupo, militares reformistas levantaram a hipótese de que membros da linha dura do Exército leais ao ex-ditador Suharto, derrubado em 1998, incentivaram a fundação do Laskar Jihad como uma maneira de desestabilizar o país e provocar a volta de um governo autoritário.
O Estado-Maior do Exército negou que desse qualquer tipo de apoio, mas se recusou a obedecer uma ordem do então presidente para combater o grupo.

Com agências internacionais e a colaboração de Maria Brant, da Redação


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