|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORIENTE MÉDIO
Vigilância continua na
região, de onde palestinos lançam foguetes
Israel deixa campos de Gaza depois de mais de cem mortes
DA REDAÇÃO
O Exército israelense começou
a se retirar ontem de campos de
refugiados palestinos ao norte de
Gaza, sinalizando o refluxo da
ofensiva desencadeada em 29 de
setembro para neutralizar focos
terroristas e bases de foguetes lançados contra alvos civis israelenses.
Tanques e caminhões se afastaram de noite do campo de Abalya,
onde, no entanto, a presença de
Israel se mantinha com veículos
estacionados em posições-chave.
Informantes militares confirmaram a retirada parcial, mas
disseram que o Exército continuaria a monitorar plataformas
de foguetes Qassan. Disseram que
facilitariam a movimentação de
pessoas durante o Ramadã, mês
sagrado para os muçulmanos.
A retirada parcial foi determinada pelo primeiro-ministro
Ariel Sharon. Ele acatou o argumento do Exército, para o qual os
objetivos da operação estavam
atingidos, e também dos EUA,
preocupados com as repercussões da operação no Iraque e nos
demais países muçulmanos.
Segundo a Associated Press,
desde 29 de setembro 109 palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos. Entre as vítimas civis
há 18 menores de idade.
A ofensiva foi centrada nas cidades de Beit Hanoun e Beit Lahiya,
principais focos de lançamento de
foguetes de produção artesanal.
Na início da noite de ontem, ouvia-se na região o sobrevôo de
dois helicópteros militares e de
pequenas aeronaves não tripuladas de reconhecimento.
A Associated Press informa que,
num dos últimos incidentes, uma
palestina de 65 anos foi atingida
por um projétil lançado por um
blindado israelense, quando, dentro de sua casa, participava de um
jantar de Ramadã. Segundo os israelenses, momentos antes terroristas palestinos lançaram um novo foguete Qassan.
Os palestinos se queixam dos
estragos materiais que a passagem dos blindados israelenses
deixou nas vielas estreitas dos
campos de refugiados, com fachadas de casas destruídas, postes de
eletricidade derrubados e rede de
saneamento interrompida.
Ditame de rabinos
Um grupo de 60 rabinos publicou ontem um ditame no qual
proíbe que os judeus se retirem de
Gaza, onde cerca de 8.500 assentados dividem o território com 1,3
milhão de palestinos.
Os signatários pertencem a sinagogas de assentamentos e dirigem escolas religiosas conservadoras. Ditame que também exortava a não devolução de terras aos
palestinos precedeu, em 1995, ao
assassinato, por um judeu extremista, do ex-premiê trabalhista
Yitzhak Rabin.
França e Israel
O ministro francês das Relações
Exteriores, Michel Barnier, deve
se encontrar com o premiê Ariel
Sharon durante sua visita a Israel,
entre domingo e terça-feira.
As relações entre os dois países
são tradicionalmente difíceis.
Sharon denunciou há algumas semanas o anti-semitismo existente
na França e exortou os judeus
franceses a emigrar para Israel,
declaração que enfureceu o presidente Jacques Chirac.
O apaziguamento bilateral é relativo, com dois fatos que ontem
sinalizavam em sentidos opostos.
No primeiro, a Chancelaria
francesa qualificou de "inaceitáveis" as declarações de um diretor
da Rádio França Internacional,
uma emissora pública, para quem
Israel é um país "racista".
No segundo, entretanto, a França qualificou de "inaceitável" o fato de um de seus diplomatas ter
sido objeto de "disparos de advertência", quando se preparava para entrar em Gaza. O funcionário
havia se submetido aos procedimentos de segurança impostos
pelas autoridades israelenses.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Iraque sob tutela: EUA prendem mediador da paz em Fallujah Próximo Texto: Inquérito inocenta oficial acusado de descarregar arma em menina Índice
|