São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Vigilância continua na região, de onde palestinos lançam foguetes

Israel deixa campos de Gaza depois de mais de cem mortes

DA REDAÇÃO

O Exército israelense começou a se retirar ontem de campos de refugiados palestinos ao norte de Gaza, sinalizando o refluxo da ofensiva desencadeada em 29 de setembro para neutralizar focos terroristas e bases de foguetes lançados contra alvos civis israelenses.
Tanques e caminhões se afastaram de noite do campo de Abalya, onde, no entanto, a presença de Israel se mantinha com veículos estacionados em posições-chave.
Informantes militares confirmaram a retirada parcial, mas disseram que o Exército continuaria a monitorar plataformas de foguetes Qassan. Disseram que facilitariam a movimentação de pessoas durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.
A retirada parcial foi determinada pelo primeiro-ministro Ariel Sharon. Ele acatou o argumento do Exército, para o qual os objetivos da operação estavam atingidos, e também dos EUA, preocupados com as repercussões da operação no Iraque e nos demais países muçulmanos.
Segundo a Associated Press, desde 29 de setembro 109 palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos. Entre as vítimas civis há 18 menores de idade.
A ofensiva foi centrada nas cidades de Beit Hanoun e Beit Lahiya, principais focos de lançamento de foguetes de produção artesanal.
Na início da noite de ontem, ouvia-se na região o sobrevôo de dois helicópteros militares e de pequenas aeronaves não tripuladas de reconhecimento.
A Associated Press informa que, num dos últimos incidentes, uma palestina de 65 anos foi atingida por um projétil lançado por um blindado israelense, quando, dentro de sua casa, participava de um jantar de Ramadã. Segundo os israelenses, momentos antes terroristas palestinos lançaram um novo foguete Qassan.
Os palestinos se queixam dos estragos materiais que a passagem dos blindados israelenses deixou nas vielas estreitas dos campos de refugiados, com fachadas de casas destruídas, postes de eletricidade derrubados e rede de saneamento interrompida.

Ditame de rabinos
Um grupo de 60 rabinos publicou ontem um ditame no qual proíbe que os judeus se retirem de Gaza, onde cerca de 8.500 assentados dividem o território com 1,3 milhão de palestinos.
Os signatários pertencem a sinagogas de assentamentos e dirigem escolas religiosas conservadoras. Ditame que também exortava a não devolução de terras aos palestinos precedeu, em 1995, ao assassinato, por um judeu extremista, do ex-premiê trabalhista Yitzhak Rabin.

França e Israel
O ministro francês das Relações Exteriores, Michel Barnier, deve se encontrar com o premiê Ariel Sharon durante sua visita a Israel, entre domingo e terça-feira.
As relações entre os dois países são tradicionalmente difíceis. Sharon denunciou há algumas semanas o anti-semitismo existente na França e exortou os judeus franceses a emigrar para Israel, declaração que enfureceu o presidente Jacques Chirac.
O apaziguamento bilateral é relativo, com dois fatos que ontem sinalizavam em sentidos opostos.
No primeiro, a Chancelaria francesa qualificou de "inaceitáveis" as declarações de um diretor da Rádio França Internacional, uma emissora pública, para quem Israel é um país "racista".
No segundo, entretanto, a França qualificou de "inaceitável" o fato de um de seus diplomatas ter sido objeto de "disparos de advertência", quando se preparava para entrar em Gaza. O funcionário havia se submetido aos procedimentos de segurança impostos pelas autoridades israelenses.


Com agências internacionais


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