São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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Joe, o encanador, rouba a cena em confronto entre candidatos

DO ENVIADO A HEMPSTEAD

Nem Barack Obama nem John McCain. O personagem mais importante da noite de ontem foi Joe, o encanador. Ele existe mesmo, chama-se Joe Wurzelbacher e protagonizou uma interação com o candidato democrata durante comício em Ohio no último domingo. Na noite de ontem, foi citado 26 vezes, mais do que qualquer outra pessoa ou tema.
Joe, o encanador, na verdade era uma tentativa de ambos os candidatos chegarem à classe média norte-americana, mais importante fatia do eleitorado e a mais afetada até agora pela crise financeira.
McCain tentava assustá-la com a possibilidade de Obama no poder, ao dizer que seu oponente promoveria uma "luta de classes", ao tentar redistribuir riqueza via impostos. Obama tentava cortejá-la dizendo que, sob seu plano, 95% das famílias de "Joes" teriam redução nos impostos.
No encontro verdadeiro entre Joe, o encanador, e Obama, o primeiro havia reclamado ao segundo que seu pequeno negócio sofreria aumento de impostos sob o democrata, que respondeu: "Eu acho que quando você tenta espalhar a riqueza, é bom para todo o mundo". Desde então, os talk-shows e a blogosfera conservadora têm dedicado horas ao personagem. Parte da fala de McCain de ontem havia sido dita antes por Bill O'Reilly, da Fox News.
"O que você quer fazer com Joe, o encanador, e milhões como ele é aumentar seus impostos e não deixá-los realizar o sonho americano de ter o próprio negócio", disse McCain. "É isso que você quer? ", perguntou o mediador, Bob Schieffer, a Obama. "É no que Joe acredita", interrompeu McCain. "Então, Joe tem visto muito os seus anúncios", retorquiu Obama.
A certa altura, os dois passaram a olhar para a câmera e se dirigir diretamente a Joe. "Meu velho amigo Joe está aí", disse McCain. "Eu acabei de descrever meu plano e também estou feliz de falar com você, Joe", emendou Obama.
No fim da noite, Joe Wurzelbacher disse à Associated Press que achava que McCain estava certo, mas não quis declarar seu voto. A maioria dos "Joes" parece pensar diferente.
Pesquisa divulgada pela emissora CNN dava a terceira vitória consecutiva a Obama. Desta vez, 58% acharam que o democrata venceu o debate, ante 31% para McCain. É a maior diferença dos três confrontos.

América Latina
Outro personagem deu as caras pela primeira vez nos debates desta disputa: a América Latina. McCain defendeu seu plano de acabar com o imposto cobrado hoje do álcool combustível importado, ao acusar Obama de protecionista. "Eu eliminarei a tarifa em etanol feito de cana-de-açúcar importado do Brasil", disse Mccain.
Obama não mordeu a isca, mas, depois, quando elencou quem seriam seus assessores principais na Casa Branca, citou o republicano Richard Lugar, mais notório defensor do fim desse subsídio no Senado. "Creio que, presidente, Obama deve ouvir pessoas que apóiam a diversificação energética americana por meio da redução do protecionismo", disse à Folha Joel Velasco, representante-chefe da Unica nos EUA. (SD)


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