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Joe, o encanador, rouba a cena em confronto entre candidatos
DO ENVIADO A HEMPSTEAD
Nem Barack Obama nem
John McCain. O personagem
mais importante da noite de
ontem foi Joe, o encanador. Ele
existe mesmo, chama-se Joe
Wurzelbacher e protagonizou
uma interação com o candidato
democrata durante comício em
Ohio no último domingo. Na
noite de ontem, foi citado 26
vezes, mais do que qualquer outra pessoa ou tema.
Joe, o encanador, na verdade
era uma tentativa de ambos os
candidatos chegarem à classe
média norte-americana, mais
importante fatia do eleitorado
e a mais afetada até agora pela
crise financeira.
McCain tentava assustá-la
com a possibilidade de Obama
no poder, ao dizer que seu oponente promoveria uma "luta de
classes", ao tentar redistribuir
riqueza via impostos. Obama
tentava cortejá-la dizendo que,
sob seu plano, 95% das famílias
de "Joes" teriam redução nos
impostos.
No encontro verdadeiro entre Joe, o encanador, e Obama,
o primeiro havia reclamado ao
segundo que seu pequeno negócio sofreria aumento de impostos sob o democrata, que
respondeu: "Eu acho que quando você tenta espalhar a riqueza, é bom para todo o mundo".
Desde então, os talk-shows e a
blogosfera conservadora têm
dedicado horas ao personagem.
Parte da fala de McCain de ontem havia sido dita antes por
Bill O'Reilly, da Fox News.
"O que você quer fazer com
Joe, o encanador, e milhões como ele é aumentar seus impostos e não deixá-los realizar o sonho americano de ter o próprio
negócio", disse McCain. "É isso
que você quer? ", perguntou o
mediador, Bob Schieffer, a
Obama. "É no que Joe acredita", interrompeu McCain. "Então, Joe tem visto muito os seus
anúncios", retorquiu Obama.
A certa altura, os dois passaram a olhar para a câmera e se
dirigir diretamente a Joe. "Meu
velho amigo Joe está aí", disse
McCain. "Eu acabei de descrever meu plano e também estou
feliz de falar com você, Joe",
emendou Obama.
No fim da noite, Joe Wurzelbacher disse à Associated Press
que achava que McCain estava
certo, mas não quis declarar
seu voto. A maioria dos "Joes"
parece pensar diferente.
Pesquisa divulgada pela
emissora CNN dava a terceira
vitória consecutiva a Obama.
Desta vez, 58% acharam que o
democrata venceu o debate, ante 31% para McCain. É a maior
diferença dos três confrontos.
América Latina
Outro personagem deu as caras pela primeira vez nos debates desta disputa: a América Latina. McCain defendeu seu plano de acabar com o imposto cobrado hoje do álcool combustível importado, ao acusar Obama de protecionista. "Eu eliminarei a tarifa em etanol feito de
cana-de-açúcar importado do
Brasil", disse Mccain.
Obama não mordeu a isca,
mas, depois, quando elencou
quem seriam seus assessores
principais na Casa Branca, citou o republicano Richard Lugar, mais notório defensor do
fim desse subsídio no Senado.
"Creio que, presidente, Obama
deve ouvir pessoas que apóiam
a diversificação energética
americana por meio da redução
do protecionismo", disse à Folha Joel Velasco, representante-chefe da Unica nos EUA.
(SD)
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