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Comentário
Republicano se esfalfa para conectar eleitor
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
O republicano John
McCain entrou no debate
ontem com uma tarefa difícil. Precisava explicar como consertar a economia
dos EUA, fazer os eleitores
esquecerem George W.
Bush e desqualificar o democrata Barack Obama.
O republicano lutou o
quanto pôde. Apresentou-se como o candidato preocupado com o eleitor médio. Desencavou a história
de um encanador, "Joe the
plumber", em certa medida desdenhado por Obama
num evento de campanha.
Desdém foi um pouco o
que cada candidato ofereceu para o outro. Faz parte
do jogo e da linguagem
corporal de debates como
esse. Mas talvez Obama tenha exagerado, sorrindo
de maneira dissimulada e
olhando de soslaio para
McCain. Em resumo, o democrata exalou sua educação elitista de Harvard.
Deu certo. As primeiras
pesquisas pós-debate o declaravam como vitorioso.
O republicano, do seu
lado, exagerou na suposta
simplicidade. Usou um daqueles blocos de papel
pautado amarelo conhecidos por 100% dos cidadãos
norte-americanos. Fingiu-se vítima de ataques de
Obama. A cada pausa, batia na tecla da redução dos
impostos. Acusava o adversário de ser o gastador e
amigo do governo grande.
McCain se esfalfou para
se conectar com o eleitorado até agora enamorado
de Obama, os que desejam
"mudança". E vocalizou finalmente uma frase direta
para tentar separar-se de
uma vez da atual fracassada administração na Casa
Branca: "Eu não sou o presidente Bush". Pode ter sido tarde demais.
O formato desse último
debate ajudou o republicano. Nos outros, os candidatos ficavam de pé. Ontem, sentados. O republicano anda com dificuldade. Não mexe os braços
acima dos ombros por
causa de torturas sofridas
quando prisioneiro de
guerra no Vietnã.
Ontem, os movimentos
robóticos de McCain ficaram escondidos. O apresentador do debate, Bob
Schieffer, ajudou no efeito
comparação. Apesar de ter
71 anos, um a menos que o
republicano, parecia muito mais idoso.
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