São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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Comentário

Republicano se esfalfa para conectar eleitor

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O republicano John McCain entrou no debate ontem com uma tarefa difícil. Precisava explicar como consertar a economia dos EUA, fazer os eleitores esquecerem George W. Bush e desqualificar o democrata Barack Obama.
O republicano lutou o quanto pôde. Apresentou-se como o candidato preocupado com o eleitor médio. Desencavou a história de um encanador, "Joe the plumber", em certa medida desdenhado por Obama num evento de campanha.
Desdém foi um pouco o que cada candidato ofereceu para o outro. Faz parte do jogo e da linguagem corporal de debates como esse. Mas talvez Obama tenha exagerado, sorrindo de maneira dissimulada e olhando de soslaio para McCain. Em resumo, o democrata exalou sua educação elitista de Harvard. Deu certo. As primeiras pesquisas pós-debate o declaravam como vitorioso.
O republicano, do seu lado, exagerou na suposta simplicidade. Usou um daqueles blocos de papel pautado amarelo conhecidos por 100% dos cidadãos norte-americanos. Fingiu-se vítima de ataques de Obama. A cada pausa, batia na tecla da redução dos impostos. Acusava o adversário de ser o gastador e amigo do governo grande.
McCain se esfalfou para se conectar com o eleitorado até agora enamorado de Obama, os que desejam "mudança". E vocalizou finalmente uma frase direta para tentar separar-se de uma vez da atual fracassada administração na Casa Branca: "Eu não sou o presidente Bush". Pode ter sido tarde demais.
O formato desse último debate ajudou o republicano. Nos outros, os candidatos ficavam de pé. Ontem, sentados. O republicano anda com dificuldade. Não mexe os braços acima dos ombros por causa de torturas sofridas quando prisioneiro de guerra no Vietnã.
Ontem, os movimentos robóticos de McCain ficaram escondidos. O apresentador do debate, Bob Schieffer, ajudou no efeito comparação. Apesar de ter 71 anos, um a menos que o republicano, parecia muito mais idoso.


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