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SUCESSÃO NOS EUA / MODELO DE PRESIDENTE
Líder ideal difere para eleitor democrata e republicano
Pesquisa demonstra visões de mundo díspares
DE NOVA YORK
Enquanto 62% dos cidadãos
americanos que desejam a vitória do republicano John
McCain querem um presidente
que não tenha medo de ofender
pessoas e fazer inimigos, 61%
dos simpatizantes do democrata Barack Obama preferem um
líder respeitoso e diplomático
em todas as situações.
Essa é uma das conclusões de
uma pesquisa divulgada ontem
pelo Centro de Liderança Pública da Universidade Harvard,
que apresenta fortes contrastes
na concepção do presidente
ideal entre os partidários de cada candidato à Casa Branca.
"Os que preferem McCain
querem um presidente que aja
com base em seus próprios valores morais, e os que preferem
Obama tendem a dizer que um
presidente deve responder à
vontade do povo", afirmou à
Folha Seth Rosenthal, responsável pelo estudo.
Talvez por isso, 54% dos simpatizantes de McCain querem
que o presidente expresse sua
religião, enquanto para 70%
dos de Obama um líder deve
manter sua fé na vida privada.
A questão dos valores morais
tem sido explorada pelos republicanos, que chegam a questionar a honestidade do adversário. McCain também aposta em
seu passado de prisioneiro de
guerra e herói do Vietnã -algo
de alcance limitado, haja visto
seu recuo em pesquisas.
O estudo sugere que os eleitores diferem na imagem ideal
dos EUA no exterior. A maioria
dos simpatizantes do republicano -53%- quer que os EUA
sejam respeitados por sua força, enquanto 63% dos pró-Obama desejam que o país seja respeitado por ser justo.
Outros 40% dos partidários
de McCain querem um presidente que diminua o poder do
Estado para permitir que americanos "tenham sucesso ou
fracassem por si mesmos", sentimento compartilhado por
apenas 15% dos partidários do
democrata. Obama vem sendo
criticado pela campanha de
McCain por "planejar aumentar o tamanho do governo",
apesar de ambos os candidatos
terem favorecido maior intervenção estatal devido à crise.
O levantamento abarcou 997
adultos. A margem de erro é de
3,1 pontos para mais ou menos.
Partidarismo
Para Rosenthal, os candidatos não estão apresentando
exatamente as características
que seus eleitores buscam,
"pois nenhum tem plataforma
fiel à ortodoxia de seus partidos". Ele cita como exemplo a
questão da religião. "Em 2004,
estava claro que Bush era evangélico. Neste ano o candidato
republicano não é conhecido
por valores religiosos, como
querem seus simpatizantes."
A incoerência entre campanhas pouco tradicionais e fidelidade dos eleitores a valores
partidários, segundo Rosenthal, mostra que "as pessoas
pensam como democratas e republicanos", em certa medida
independentemente do candidato que os representa.
O pesquisador se surpreendeu, porém, com o número de
questões em que simpatizantes
de ambos concordam. Eles estão em sintonia ao dizer que o
Exército dos EUA deve ser usado para defender o país (72% do
total) em vez de fortalecer seus
interesses ao redor do mundo,
e também que a política externa deve focar alianças (56%).
E 55% preferem presidentes
nunca dispostos a ser antiéticos nem flexibilizar regras.
"Ouvimos falar muito das
profundas divisões políticas do
país, mas essa pesquisa mostra
que os americanos têm idéias
claras sobre o tipo de liderança
que esperam de seus presidentes", declarou David Gergen,
diretor do Centro para Liderança Pública.
(AM)
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