São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / MODELO DE PRESIDENTE

Líder ideal difere para eleitor democrata e republicano

Pesquisa demonstra visões de mundo díspares

DE NOVA YORK

Enquanto 62% dos cidadãos americanos que desejam a vitória do republicano John McCain querem um presidente que não tenha medo de ofender pessoas e fazer inimigos, 61% dos simpatizantes do democrata Barack Obama preferem um líder respeitoso e diplomático em todas as situações.
Essa é uma das conclusões de uma pesquisa divulgada ontem pelo Centro de Liderança Pública da Universidade Harvard, que apresenta fortes contrastes na concepção do presidente ideal entre os partidários de cada candidato à Casa Branca.
"Os que preferem McCain querem um presidente que aja com base em seus próprios valores morais, e os que preferem Obama tendem a dizer que um presidente deve responder à vontade do povo", afirmou à Folha Seth Rosenthal, responsável pelo estudo.
Talvez por isso, 54% dos simpatizantes de McCain querem que o presidente expresse sua religião, enquanto para 70% dos de Obama um líder deve manter sua fé na vida privada.
A questão dos valores morais tem sido explorada pelos republicanos, que chegam a questionar a honestidade do adversário. McCain também aposta em seu passado de prisioneiro de guerra e herói do Vietnã -algo de alcance limitado, haja visto seu recuo em pesquisas.
O estudo sugere que os eleitores diferem na imagem ideal dos EUA no exterior. A maioria dos simpatizantes do republicano -53%- quer que os EUA sejam respeitados por sua força, enquanto 63% dos pró-Obama desejam que o país seja respeitado por ser justo.
Outros 40% dos partidários de McCain querem um presidente que diminua o poder do Estado para permitir que americanos "tenham sucesso ou fracassem por si mesmos", sentimento compartilhado por apenas 15% dos partidários do democrata. Obama vem sendo criticado pela campanha de McCain por "planejar aumentar o tamanho do governo", apesar de ambos os candidatos terem favorecido maior intervenção estatal devido à crise.
O levantamento abarcou 997 adultos. A margem de erro é de 3,1 pontos para mais ou menos.

Partidarismo
Para Rosenthal, os candidatos não estão apresentando exatamente as características que seus eleitores buscam, "pois nenhum tem plataforma fiel à ortodoxia de seus partidos". Ele cita como exemplo a questão da religião. "Em 2004, estava claro que Bush era evangélico. Neste ano o candidato republicano não é conhecido por valores religiosos, como querem seus simpatizantes."
A incoerência entre campanhas pouco tradicionais e fidelidade dos eleitores a valores partidários, segundo Rosenthal, mostra que "as pessoas pensam como democratas e republicanos", em certa medida independentemente do candidato que os representa.
O pesquisador se surpreendeu, porém, com o número de questões em que simpatizantes de ambos concordam. Eles estão em sintonia ao dizer que o Exército dos EUA deve ser usado para defender o país (72% do total) em vez de fortalecer seus interesses ao redor do mundo, e também que a política externa deve focar alianças (56%).
E 55% preferem presidentes nunca dispostos a ser antiéticos nem flexibilizar regras.
"Ouvimos falar muito das profundas divisões políticas do país, mas essa pesquisa mostra que os americanos têm idéias claras sobre o tipo de liderança que esperam de seus presidentes", declarou David Gergen, diretor do Centro para Liderança Pública. (AM)


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